
As chuvas se intensificaram nesta reta final de colheita da soja em alguns municípios da região nordeste de Mato Grosso. Entre transtornos e estimativas de perdas de produtividade na lavoura, a falta de infraestrutura para estocar os grãos pode dificultar o escoamento do restante da safra nas fazendas.
Em Canarana, duas preocupações tiram o sono do agricultor Rafael Jose Wilbert e o impedindo de finalizar a colheita da soja. Uma é o excesso de chuvas, enquanto a outra a falta de caminhões para transportar a safra.
- Renda da safra não acompanha valorização de máquinas em MT

Foto: Pedro Silvestre/Canal Rural Mato Grosso
“É o investimento da gente. Investimento da vida. Capricha tanto e está aí a situação. Nós dos 500 hectares que temos da lavoura plantada, mais de 400 hectares é arrendado. Então, isso é um custo que soma junto a perda que vai tendo por falta de conseguir entregar a soja no armazém e o lucro que vai apertando no final”.
Em Água Boa a situação e as preocupações não são diferentes, conforme o presidente do Sindicato Rural, Geraldo Delay. A alta umidade também prejudica o ritmo da colheita nos 240 mil hectares cultivados nesta safra 2022/23, que até o momento colheu pouco mais de 70% da soja.
“Este ano nós estamos mais atrasados por causa das chuvas que começaram bem mais tarde. Quando não consegue tirar a soja no seu pleno ponto de colheita já começa a existir uma perda de proteína e perda de peso automaticamente. O produtor está apavorado”, pontua Delay.
- Produtor pode ter redução de juros mediante comprometimento social e ambiental

Foto: Pedro Silvestre/ Canal Rural Mato Grosso
Cenário cada vez mais desafiador na soja
A situação quanto à falta de espaço para armazenagem dos grãos é outra dificuldade de quem produz na região. O que pode contribuir ainda mais para as perdas no campo, situação que aumenta ainda mais a preocupação dos agricultores, especialmente de quem não tem estrutura e condições de construir um armazém na propriedade.
O presidente do Sindicato Rural de Água Boa comenta ainda que além da alta umidade no grão, ainda se enfrenta problema com a armazenagem, uma vez as empresas situadas no município não possuem capacidade para receber a produção. “Aí os caminhões ficam em torno de 24 até 48 horas com o produtor”.
- Vigor é o veículo da produtividade, afirma diretor da ATTO Sementes
Em um ano desfavorável, como nesta safra, o cenário, pontuam os produtores, fica ainda mais desafiador.
“Acontece na mesma época. A colheita e a demanda é a mesma. Outros municípios também passam pelo mesmo problema dentro da região. Isso tem o fator positivo, que foi o crescimento do produtor, a infraestrutura ou a capitalização dele. Mas, agora isso bate de frente com esse impacto que pode colocar risco dentro da atividade”, comenta o agricultor José Luiz Polizelli.

Foto: Pedro Silvestre/Canal Rural Mato Grosso
Investimentos aquém do necessário
A necessidade de investimentos em infraestrutura de armazenagem, de acordo com os produtores, é aquém do necessário.
- El Niño traz safra cheia na América do Sul e produtor deve ficar de olho nos preços, diz Molinari
“O produtor tem que fazer o seu armazém, até para ele ser o dono realmente do seu produto. Então, tentar controlar um pouco a oferta no mercado é a única solução que nós temos aqui para essa região. Dez, 15, 20 produtores com o domínio cooperativo é a única solução que tem. Nós temos que nos conscientizar se não iremos continuar sofrendo. Não tem outra maneira”, salienta o também produtor Marcos da Rosa.
Clique aqui, entre em nossa comunidade no WhatsApp do Canal Rural Mato Grosso e receba notícias em tempo real






