

Dados climáticos de uma rede de 16 estações meteorológicas mantidas pela Embrapa Semiárido (PE), além de servir à pesquisa científica, agora também englobam todo histórico de dados disponibilizados gratuitamente para acesso pelos interessados.
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O serviço visa apoiar o trabalho dos pesquisadores e estudantes e auxiliar técnicos e agricultores nas decisões de produção com base nos dados agrometeorológicos.
- Estações meteorológicas estão distribuídas em três estados: Bahia, Pernambuco e Sergipe;
- Agora, produtores rurais e técnicos interessados poderão ter acesso completo aos dados coletados;
- Algumas séries históricas disponibilizadas têm mais de 20 anos;
- É possível fazer download de informações por parâmetro meteorológico;
- Produtores podem planejar atividades como irrigação e manejo integrado de pragas a partir dos dados fornecidos e guardar o histórico dos registros climáticos;
Nas estações, são geradas informações sobre temperatura e umidade relativa do ar, velocidade do vento, evapotranspiração de referência, radiação solar global e precipitação. De acordo com a Embrapa, a rede conta com equipamentos distribuídos em diferentes localidades do Submédio do Vale do São Francisco, englobando áreas da Embrapa e propriedades de parceiros, nos estados de Pernambuco, Bahia e Sergipe.
A partir de 2023, a forma de apresentação dos dados passou por modernização. Até 2022 as informações eram disponibilizadas por meio de tabelas no site da Embrapa, e o produtor só tinha acesso a dados dos últimos dois meses.
“Recebemos diversas demandas de técnicos para consultar o banco de dados completo, mas na antiga estrutura de disponibilização não era possível organizar essas informações”, explica a pesquisadora Magna Soelma Beserra de Moura, responsável pela administração da rede de estações.
Agora com o novo site, qualquer usuário pode verificar o histórico das estações agrometeorológicas, desde a data de instalação de cada estação, que difere entre si. “Temos um volume de dados de mais de vinte anos disponibilizados. Essas são informações muito importantes para estudos e avaliações dos padrões climáticos da região.”
A ferramenta escolhida para a organização do banco de dados foi o dashboard (painel) do Google Analytics, que possui design amigável e formato interativo. Além disso, ao abrir o site das estações, basta escolher aquela de interesse e selecionar o período para visualização. Automaticamente é atualizado um painel com gráficos e tabelas.
A cientista destaca ainda outra melhoria do serviço: a possibilidade de fazer o download das informações categorizadas. “É um formato moderno e que vai trazer muitos benefícios para os produtores do Semiárido”, completa.
Utilização dos dados
De acordo com a pesquisadora, os produtores que acessam as informações climáticas têm basicamente dois objetivos. Podendo, realizar o manejo de irrigação das culturas ou fazer o manejo integrado de pragas, a depender da praga presente na propriedade. Para o manejo de irrigação, ao acessar o site, o produtor pode buscar o dado da evapotranspiração de referência, computar o número de horas e, então, calcular a quantidade de água necessária para irrigar a cultura.
“Na região do Vale do São Francisco, o manejo de irrigação é realizado de forma diária, às vezes duas ou três vezes ao dia, dependendo da intensidade do sol e das condições da cultura. Assim, na prática, os produtores fazem a programação diária ou semanal, neste caso acumulando os dados de evapotranspiração de uma semana para fazer o cálculo da quantidade de água a ser aplicada nas culturas”, explica Moura.
Em relação ao manejo integrado de pragas, a pesquisadora ressalta que cada praga tem uma faixa de temperatura e umidade relativa do ar ideal para o seu desenvolvimento. “Conhecendo esses dados climáticos e as pragas presentes, os produtores podem antecipar ações, e obter maior eficiência no controle dentro da propriedade”, aponta.
“Para algumas estações localizadas em fazendas parceiras, o técnico da própria fazenda faz a coleta dos dados e nos envia por e-mail, agilizando o processo. Para as demais, programamos viagens de coleta a cada semana. Assim, a média de alimentação das informações no site é semanal”, relata Moura.
Histórico de implantação
Essas estações foram as responsáveis pela caracterização climática do Submédio do Vale do São Francisco. Os técnicos e produtores utilizavam os dados para definir parâmetros de sistemas de irrigação com base na evapotranspiração potencial, informações que ajudaram a dimensionar os projetos, conforme as culturas a serem irrigadas.
A Embrapa Semiárido assumiu a gestão das duas estações da Sudene a partir da década de 1970, assim como o banco de dados gerado. Com o passar do tempo, a rede foi crescendo, e as estações convencionais foram sendo substituídas por estações automáticas.
“O que a gente tinha de convencional, que precisava de um observador para ir ao campo três vezes por dia, em horário padrão da Organização Meteorológica Mundial [OMM], coletar os dados, as estações automáticas fazem a cada 30 minutos. Esse avanço permitiu a geração de uma maior quantidade de dados e de informações mais precisas,” relata a pesquisadora.
Nos anos 2000, com a implantação do programa de Produção Integrada de Frutas (PIF) no Submédio do Vale do São Francisco, a rede foi ampliada, chegando a dez estações, distribuídas em fazendas produtoras de manga e uva, bem como nos campos experimentais da Embrapa.
Hoje são 16 estações automáticas funcionando em três estados no Semiárido. Em Pernambuco, as estações estão distribuídas nos seguintes municípios:
- Lagoa Grande; e
- Petrolina.
No estado da Bahia, há estações ficam em:
- Pilar;
- Juazeiro; e
- Casa Nova;
Já em Sergipe, os equipamentos foram instalados no município de Nossa Senhora da Glória. As estações convencionais foram desativadas.
Segundo a pesquisadora, a perspectiva é continuar realizando a manutenção dos equipamentos já instalados, viabilizando a geração de dados de qualidade, e avaliar a ampliação da rede, conforme novos investimentos.







