A cada três minutos uma adolescente é infectada pelo HIV

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    Divulgação

    images (27)As adolescentes suportam o peso de uma epidemia de HIV/aids que está longe de acabar

            A cada hora, cerca de 30 adolescentes de 15 a 19 anos foram infectados pelo HIV em 2017, segundo um novo relatório do UNICEF. Desses, dois terços eram meninas.

    “Esta é uma crise de saúde, bem como uma crise de ação”, disse a diretora executiva do UNICEF, Henrietta Fore. “Na maioria dos países, mulheres e meninas não têm acesso à informação, aos serviços ou mesmo ao poder de dizer não ao sexo inseguro. O HIV cresce entre os mais vulneráveis e marginalizados, deixando as adolescentes no centro da crise”.

    O relatório Women: At the heart of the HIV response for children (Mulheres: No coração da resposta ao HIV para crianças – disponível somente em inglês) oferece estatísticas preocupantes sobre a contínua epidemia global de aids e seu impacto sobre os mais vulneráveis. No ano passado, 130 mil crianças e adolescentes com menos de 19 anos morreram em decorrência da aids, enquanto 430 mil – quase 50 por hora – foram infectados.

    Apresentado na Conferência Internacional de Aids que está sendo realizada nesta semana em Amsterdã, o relatório diz que os adolescentes continuam a sofrer o impacto da epidemia e que o fracasso em os alcançar está atrasando o progresso que o mundo fez nas últimas duas décadas na luta contra a epidemia de aids. O relatório observa que:

    Adolescentes entre 10 e 19 anos representam quase dois terços dos 3 milhões de crianças de até 19 anos vivendo com HIV.
    Mesmo que as mortes para todos os outros grupos etários, incluindo adultos, tenham diminuído desde 2010, as mortes entre adolescentes mais velhos (15-19) não tiveram redução.

    Cerca de 1,2 milhão de pessoas de 15 a 19 anos viviam com o HIV em 2017 – desses, três de cada cinco são meninas. A disseminação da epidemia entre as adolescentes está sendo alimentada práticas sexuais não seguras, inclusive com homens mais velhos; sexo forçado; falta de poder nas negociações sobre sexo; pobreza; e falta de acesso a serviços confidenciais de aconselhamento e testagem.
    “Precisamos tornar as meninas e as mulheres suficientemente seguras economicamente para que não precisem recorrer ao trabalho sexual. Precisamos ter certeza de que elas têm as informações corretas sobre como o HIV é transmitido e como se proteger”, disse Angelique Kidjo, embaixadora do UNICEF, em um ensaio apresentado no relatório. “E, é claro, precisamos ter certeza de que elas têm acesso a quaisquer serviços ou medicamentos de que precisem para se manter saudáveis. Acima de tudo, precisamos incentivar o empoderamento de meninas e mulheres – e a educação é frequentemente o melhor caminho para isso”.

    Para ajudar a conter a propagação da epidemia, o UNICEF – trabalhando em estreita colaboração com o Unaids e outros parceiros – lançou uma série de iniciativas, incluindo:

    “All In to End Adolescent AIDS” (Todos juntos para acabar com a aids na adolescência), que visa alcançar os adolescentes nos 25 países prioritários onde se encontra o maior número de adolescentes vivendo com o HIV no mundo.
    “Start Free, Live Free, AIDS Free” (Comece livre, viva livre, livre da aids), um marco destinado a reduzir o número de novas infecções por HIV entre as mulheres adolescentes e jovens para menos de 100 mil até 2020.
    O Roteiro para a Prevenção do HIV 2020, um plano de ação para acelerar a prevenção do HIV, concentrando-se em barreiras estruturais – como leis punitivas e falta de serviços adequados – e destacando o papel das comunidades.
    Essas iniciativas, e outras antes delas, levaram a um sucesso significativo na prevenção da transmissão do HIV de mãe para filho, de acordo com o relatório. O número de novas infecções entre crianças com até 4 anos de idade caiu em um terço entre 2010 e 2017. Agora, quatro de cinco mulheres grávidas que vivem com HIV estão tendo acesso ao tratamento para mantê-las saudáveis e reduzir o risco de transmissão para seus bebês.

    Por exemplo, na região da África Meridional, há muito o epicentro da crise da aids, Botswana e África do Sul têm agora taxas de transmissão da mãe para o filho de apenas 5%, e mais de 90% das mulheres com HIV estão em regimes eficazes de tratamento do vírus. Perto de 100% das mulheres grávidas no Zimbábue, no Malaui e na Zâmbia conhecem o seu status sorológico.

    “As mulheres são as mais afetadas por esta epidemia – tanto no número de infecções quanto como cuidadoras principais daqueles com a doença – e devem permanecer na linha de frente da luta contra ela”, disse Fore. “A luta está longe de terminar”.

    No Brasil
    Uma das grandes conquistas dos últimos anos no Brasil foi o sucesso no controle da transmissão do HIV da mãe para o bebê, que caiu pela metade entre 1995 e 2015.

    Hoje, os efeitos mais graves da epidemia de aids no País recaem sobre os adolescentes. Entre 2004 e 2015, o número de novos casos entre meninos e meninas de 15 a 19 anos aumentou 53%.

    Viva Melhor Sabendo Jovem
    Para enfrentar o aumento do HIV/aids entre adolescentes, o UNICEF no Brasil criou o Viva Melhor Sabendo Jovem. Trata-se de uma estratégia em saúde do UNICEF e seus parceiros para ampliar o acesso de adolescentes e jovens entre 15 e 24 anos ao teste do HIV e outras doenças sexualmente transmissíveis e o início imediato do tratamento. A iniciativa também tem como prioridades a retenção ao tratamento dos jovens positivos e o acesso às informações sobre prevenção.

    UNICEF