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    A corrupção que aparece na Lava Jato é pequena quando comparada à s fraudes que ocorrem nos municÃpios. É gravÃssima a afirmação, feita pelo ministro da Justiça, Torquato Jardim, e rebatida pela Confederação Nacional dos MunicÃpios, no Fórum Econômico Mundial para a América Latina, realizado no mês passado em São Paulo. Por isso, não deve ficar restrita a meras declarações lançadas ao ar. Se falou algo não verdadeiro, o titular do mais antigo ministério da República tem de ser chamado à reparação e, se não houver o que reparar, está na hora dos municÃpios passarem por rigorosa investigação, elucidação das irregularidades e penalização dos responsáveis. Só dessa forma é que se poderá, um dia, resgatar a imagem desgastada dos administradores públicos brasileiros. Já temos apurações federais e estaduais em bom número, mas ainda falta o municÃpio, lembrando que eles somam 5670.
      Na sistemática vigente, é difÃcil ter problemas na União e no estado e não tê-los no municÃpio, já que os três nÃveis de poder público funcionam relativamente ligados e sensÃveis aos interesses de polÃticos militantes em suas respectivas áreas. Verbas originárias das áreas federal e estadual são repassadas à municipal. A União e o Estado, apesar de poderosos, são estruturas de ficção. O único nÃvel concreto do poder é o municÃpio, que atua diretamente com a população e, por isso, é por ela identificado. A prevalecer o que disse o ministro da Justiça, a Lava Jato municipal será inevitável, embora não deva ter o condão de amainar as investigações nos nÃveis federal e estadual. Seu alastramento para o nÃvel local serviria apenas para completar o cerco e fechar as torneiras que ainda possam jorrar recursos indevidos.
      A Operação Encilhamento, que nos últimos dias prendeu envolvidos na fraude aos fundos de pensões e aposentadorias de 28 municÃpios de sete estados, é um indicativo de que o ministro não falou despropósito. Da mesma forma que esquemas já desvendados dilapidaram sistemas federais de aposentadoria, também se identificou uma quadrilha fraudando nos municÃpios. É preciso ver outros municÃpios e auditar a normal aplicação dos recursos municipais, tanto os repassados quanto os arrecadados pelas próprias prefeituras. É comum ouvir-se por toda parte “estórias†de irregularidades supostamente cometidas por prefeitos, secretários e servidores. Muitas delas são frutos da inventiva de adversários dos governantes e caem no vazio, servindo apenas para manchar a imagem dos destinatários. É preciso apurar tudo para evitar as práticas desonestas e, inclusive, estancar e também punir os autores de comentários que venham a se revelar inverÃdicos.
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                A demolição generalizada da imagem do polÃtico e do administrador público, como hoje vivemos, leva o paÃs a um perigoso desequilÃbrio. É preciso separar o joio do trigo, apurando e punindo os faltosos e livrando os demais da maledicência que se tornou crônica e lamentável arma de oposição. Nem todo polÃtico é desonesto, mas os desonestos têm de ser identificados e receber a mais exemplar punição…
Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)
aspomilpm@terra.com.br