Início Policial “É UMA MENTIRA”: Secretário afirma que não houve retirada de famílias

“É UMA MENTIRA”: Secretário afirma que não houve retirada de famílias

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Famílias defendem que foram desalojadas pela prefeitura sem autorização judicial para o ato
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COM DP

 

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Famílias acusam prefeitura de ter derrubado barracos com móveis dentro

               Um grupo de famílias denunciou a Secretaria de Ordem Pública de Cuiabá a Defensoria Pública por suposta demolição de casas em uma área invadida, sem que houve autorização judicial para isso.

                  Na acusação, o grupo disse que barracos foram destruídos, inclusive com móveis dentro, sem que fosse permitido a retirada dos objetos. Além disso, famílias que estavam trabalhando tiveram as casas colocadas abaixo.

                     Contudo, o secretário da pasta, Eduardo Henrique de Souza, afirmou que tudo não passa de uma “mentira”.

                “Não houve. Fiquei sabendo desta história e posso lhe garantir que é mentira. O que estão querendo fazer é virar vítima como sempre acontece, infelizmente, em Cuiabá e no Brasil também. Eu vi pessoalmente que tinha muito gente de carro lá, muitos funcionários do estado no local também”, defendeu.

                  Conforme o secretário explicou, integrantes da secretaria estiveram no local, por se tratar de uma invasão de área pública, e foi constatado que se tratava de uma invasão nova, “que não tinha duas semanas essa invasão”.

                 Ainda segundo ele, ao chegar ao local na sexta-feira passada, os servidores se depararam com “cerca de arame e algumas tendinhas de lona”. Além disso, de família, só haveria três no local.

              Eduardo Henrique ressaltou que a equipe não procedeu com a desocupação da área, mesmo com a lei a favor do município, já que existe um procedimento chamado desforço imediato, que é a auto proteção do imóvel, que permite a reintegração sem a decisão judicial.

            “Como havia muita gente e nosso aparato logístico era pequeno, resolvemos recuar e entrar com uma ação judicial agora para termos um aparato maior de segurança”, explicou, acrescentando que a maioria que ali está não é “coitadinho como estão querendo desenhar o quadro”.

 

“Infelizmente a maioria dessas pessoas é grileiro profissional, e usa algumas pessoas realmente humildes e carentes como vitrine para ações como essa”, frisou, ressaltando que a área invadida é pública e a prefeitura “tem a intenção de dar continuidade a construção de uma nova fase do residencial Sucuri, porque tem muita gente na lista esperando a oportunidade e não podemos autorizar que pessoas possam furar a fila”.

              Sobre a alegação dos invasores de que estavam no local há dois anos, o secretário disse que é uma “mentira”.

              Ele ainda destacou que a cidade está sofrendo muito com invasões. “Nós acreditamos que isso é em detrimento de ser um ano eleitoral”, disse, explicando que muitos devem acreditar que por ser ano eleitoral o prefeito não irá retirar da área, como uma espécie de troca em favor do voto. “Mas, nós não adotamos essa postura”, completou.

  Entenda o caso

               Acionado por moradores do Bairro Altos da Serra II, em Cuiabá, o Defensor Público responsável pela Coordenadoria de Direitos Humanos da Instituição, Roberto Tadeu Vaz Curvo, vistoriou, na manhã desta terça-feira (14), a área de onde cerca de 20 famílias estão sendo desalojadas e a maioria já teve, inclusive, as casas derrubadas.

                  Conforme o Defensor, será feito um levantamento da situação do terreno, interposta Ação de Interdito Proibitório, bem como agendada uma reunião com a Prefeitura de Cuiabá. “Mesmo que eles estejam irregulares, a Prefeitura não podia ter agido dessa forma, derrubando casas com os móveis dentro, sem uma notificação judicial e nem mesmo uma alternativa para os moradores. Eles são seres humanos”.

De acordo com o porta-voz do grupo, Genison França da Silva, a Prefeitura alega que no local será construída uma escola. “Os fiscais de Ordem Pública chegaram aqui no dia oito com a polícia e começaram a derrubar tudo. Falaram que nem adianta construirmos de novo, pois em dez dias eles vão voltar e derrubar de novo. Até as madeiras eles levaram. Imagina, muitos aqui tinham saído para trabalhar e quando voltaram não tinham mais casa”.

Foi o caso de Letícia Monique Ferreira Soares e Breno Rodrigues Ferreira, que têm dois filhos, um de dois anos e outro de cinco meses e ela ainda está grávida do terceiro. “Saí para trabalhar e quando voltei não tinha mais onde morar. Só não quebraram nossas coisas porque os vizinhos tiraram de dentro de casa. A gente já tem pouco, adquire com muito sofrimento e ainda destroem tudo”, declarou Breno Rodrigues, que mora no local há dois anos.

Outro casal, Mayara Lopes de Souza e José Gustavo Feitosa Cavalcante, disse que só não perdeu a casa, pois estavam dentro dela. “Temos três filhos, um de quatro anos, outro de dois, um de seis meses e ainda estou grávida. Só não derrubaram tudo porque estávamos dentro dela. Meu marido está desempregado, cada vez que eles vêm aqui é um desespero. Se destruírem nossa casa, não temos para onde ir”.

Genilson França contou ainda que muitos moradores perderam sofá, televisão, geladeira e que uma das casas só não foi demolida, pois no local mora uma criança com necessidades especiais. “Nós não queremos brigar, estamos dispostos a fazer um acordo, só queremos um lugar para morar”.

 

Na oportunidade, o Defensor solicitou o cadastro de todos os moradores que residem na área e a formação de um grupo para acompanha-lo na reunião que irá solicitar à Secretaria de Ordem Pública.