Escolas canadenses processam redes sociais; entenda o porquê

    140
    0
    Google search engine

    Alegam que as plataformas estão prejudicando a saúde mental e a aprendizagem dos estudantes; companhias podem pagar bilhões em multas

    Por Bob Furuya, editado por Bruno Capozzi 

    (Foto: Bear Fotos/Shutterstock)

    Eu estudei numa época na qual os celulares ainda estavam engatinhando. Smartphone? Nem existia! Ter um computador em casa já era o máximo – imagina ter um na palma da sua mão.

    E eu me lembro que a vida das minhas professoras já não era nada fácil. Era difícil prender a atenção de dezenas de crianças juntas. Pior ainda dos adolescentes. Era conversa pra um lado, fofoca pro outro, papelzinho picado voando e sempre tinha alguém dormindo em pé.Play Video

    O desafio agora deve ser muito maior, uma vez que essas crianças têm em mãos a maior distração do mundo em forma de tecnologia.

    Um novo tempo demanda novas ações – e diferentes das que estamos habituados. E uma delas me chamou a atenção no Canadá. Escolas em algumas das maiores cidades do país entraram com um processo contra as empresas de mídias sociais.

    Alegam que as plataformas estão prejudicando a saúde mental e a aprendizagem dos estudantes. As ações foram apresentadas na última quarta-feira (27) em locais como Toronto, Ottawa e a região de Peel. Ao todo, os colégios pedem o pagamento de US$ 3,3 bilhões em danos.

    Mesa com alunos do ensino médio, todos segurando vários dispositivos digitais, como telefones e tablets, durante uma aula.
    Imagem: LBeddoe/Shutterstock

    Os processos contra a Meta, a ByteDance Ltd., proprietária do TikTok, e a Snap Inc., controladora do Snapchat, afirmam que essas empresas visaram deliberadamente as crianças com produtos projetados para criar um comportamento compulsivo – causando perturbações na sala de aula e tornando os jovens mais vulneráveis ??ao abuso e exploração sexual.

    “O uso endêmico das redes sociais está causando uma crise de saúde mental juvenil sem precedentes”, afirmou o Conselho Escolar do Distrito de Toronto numa queixa apresentada no Tribunal Superior de Ontário.

    Ainda segundo o texto, as companhias usaram a vulnerabilidade das crianças para ganhar dinheiro, sem se preocupar com o ensino de toda uma geração.

    Também nos EUA

    • Centenas de distritos escolares dos Estados Unidos fizeram alegações semelhantes.
    • Os argumentos são muito parecidos – eles pedem que as empresas de redes sociais paguem o custo do vício nas suas plataformas.
    • A cidade de Nova York, por exemplo, processou as mesmas companhias em fevereiro, juntamente com o Google.
    • Um desses casos já avançou um pouco em um tribunal de Oakland, na Califórnia.
    • Aqui no Brasil não há informação de ações parecidas.
    • Algumas autoridades, no entanto, já adotam políticas para tentar diminuir os prejuízos.
    • Em fevereiro deste ano, o governo do estado de São Paulo anunciou o bloqueio de aplicativos de redes sociais, como InstagramFacebook e TikTok, pela internet Wi-Fi e cabeada em ambientes escolares.
    • A medida também atinge plataformas de streaming e de jogos.
    Ícones de redes sociais de vídeos em pasta na tela inicial do iPhone
    (Imagem: Koshiro K/Shutterstock)

    Prejuízo ao aprendizado

    De acordo com os conselhos escolares canadenses, cerca de metade dos estudantes de Ontário não dormem o suficiente – e os principais culpados seriam os celulares e as redes sociais.

    Os docentes também relataram um aumento na incidência de doenças psicológicas nos últimos anos – e desconfiam do papel das plataformas nessa mudança

    Ao pedir o pagamento de uma indenização, os conselhos afirmam que estão gastando milhões de dólares na contratação de assistentes sociais, conselheiros juvenis e outros funcionários – para tentar ajudar as crianças.

    O Conselho Escolar do Distrito de Ottawa também levantou um outro ponto importante. Disse, na ação, que é frequentemente alvo de discurso de ódio por contas anônimas nas redes sociais. De acordo com a entidade, as plataformas nem sequer são capazes de retirar ou barrar postagens com esse tipo de conteúdo.

    As informações são da Bloomberg.

    Imagem ilustrativa/reprodução internet