Início Policial Mais de  4,3 milhões de medicamentos vencidos é encontrado por fiscais do...

Mais de  4,3 milhões de medicamentos vencidos é encontrado por fiscais do MP no Centro de Distribuição de Cuiabá

108
0
Google search engine

Por Kessillen Lopes, g1 MT

As três fileiras superiores sendo utilizadas para armazenar produtos vencidos no entro de Distribuição de Medicamentos e Insumos de Cuiabá — Foto: MPMT/reprodução

As três fileiras superiores sendo utilizadas para armazenar produtos vencidos no entro de Distribuição de Medicamentos e Insumos de Cuiabá — Foto: MPMT/reprodução

Fiscais do Ministério Público de Mato Grosso encontraram 4.386.185 comprimidos vencidos no Centro de Distribuição de Medicamentos e Insumos de Cuiabá (CDMIC) durante vistoria realizada no dia 6 deste mês. O relatório, apontando diversas irregularidades na saúde, foi divulgado nesta terça-feira (27).

Em nota, a Prefeitura de Cuiabá informou que os exemplares foram objeto de apuração em 2021 e que, por isso, não poderiam ser descartados antes da conclusão do processo.

“O processo de descarte adequado já foi iniciado atendendo recomendações de auditorias externa e auditoria interna. As auditorias foram abertas em 2021 visando a identificação de responsabilidade sobre o vencimento dos medicamentos e serviram para o desenvolvimento de um plano de ação para correção do processo de logística dos medicamentos”, justifica.

Conforme o relatório elaborado pelo Ministério Público, em parceria com os Conselhos Regionais de Medicina (CRM) e Farmácia (CRF), a grande quantidade de medicamentos e insumos vencidos já havia sido constatada em inspeção anterior, realizada em abril do ano passado. Desde aquela época, no entanto, não há regularização dessa situação por parte da Secretaria Municipal de Saúde.

“São tantos itens vencidos separados no estoque, que estão utilizando áreas destinadas a medicamentos/insumos dentro da validade. Esta não conformidade necessita ser regularizada o quanto antes”, diz o farmacêutico fiscal Thiago Oliveira Rodrigues.

Local armazena inúmeros produtos vencidos em áreas onde deveriam conter insumos dentro da validades — Foto: MPMT/reprodução

Local armazena inúmeros produtos vencidos em áreas onde deveriam conter insumos dentro da validades — Foto: MPMT/reprodução

Dentre os produtos vencidos encontrados, destacam-se comprimidos de Cloridrato de Metformina, dosagem de 850 mg, são mais de 2,7 milhões de unidades do medicamento é utilizado no tratamento da diabetes.

Os fiscais também encontraram 771.720 unidades de comprimidos de Digoxina, dosagem de 0,25 mg, usado no tratamento de problemas cardíacos. Também constam, conforme o relatório, 422 unidades de Dieta Enteral (diabético) 1000 ml, que enquadra-se na classe de medicamentos de alto custo.

O documento aponta ausência de vários medicamentos considerados essenciais, correspondendo, principalmente, as classes de antibióticos, antihipertensivos, hipoglicemiantes, analgésicos/antitérmicos, antifúngicos, corticóides e neurolépticos.

Confira a lista de medicamentos vencidos:

  • Cloridrato de Metformina – 2.738.460 unidades
  • Digoxina – 771.720 comprimidos
  • Dieta enteral (diabético) – 422 unidades
  • Ivermectina – 62.092 comprimidos
  • Albendazol – 77.980 unidades
  • Fluconazol – 86.856 capsulas
  • Sulfametoxazol + trimetroprima – 77.220 comprimidos
  • Isoflavonas de soja – 66.930 cápsulas
  • Biperideno – 104.700 comprimidos
  • Fenitoína – 162.980 comprimidos

 

Ação do MPMT no Centro de Distribuição  foi acompanhada do CRM e CRF — Foto: MPMT

Ação do MPMT no Centro de Distribuição foi acompanhada do CRM e CRF — Foto: MPMT

Outras irregularidades

A fiscalização também constatou que os três farmacêuticos que trabalham no local não possuem anotação de responsabilidade técnica junto ao CRF-MT. Além disso, não há Plano de Gerenciamento de Resíduos no Serviço de Saúde (PGRSS) e os Procedimentos Operacionais Padrão (POPs) estão desatualizados.

Segundo o farmacêutico fiscal, o Plano de Gerenciamento de Resíduos é de suma importância, assim como a atualização dos POPs. É no Plano de Gerenciamento de Resíduos que consta o procedimento de destinação dos medicamentos e insumos vencidos.

O MP informou que cabe aos Conselhos Regionais de Farmácia “fiscalizar o exercício da profissão, impedindo e punindo as infrações à lei, bem como enviando às autoridades competentes relatórios documentados sobre os fatos que apurarem e cuja solução não seja de sua alçada”.

g1 entrou em contato com o CRF-MT, mas não obteve retorno até a publicação desta matéria.

Servidora acredita que saúde pública de Cuiabá passa pelo pior momento

‘Pior momento na saúde de Cuiabá’

A fiscalização do Ministério Público foi iniciada após várias denúncias feitas por servidores e médicos que atuam nas unidades de saúde da capital apontando falta de medicamentos, itens básicos e problemas estruturais. Segundo a denúncia, faltam até analgésicos comuns, como dipirona, em quantidade suficiente para atender os pacientes que estão com dor.

Os profissionais afirmam que esse é o pior momento da saúde do município nos últimos 30 anos, resultando, inclusive, em mortes. A SMS informou que investiga as denúncias feitas ao MP.

Intervenção na saúde

Na semana passada, o Ministério Público pediu à Justiça que determine que o governo estadual assuma a gestão e administração da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Cuiabá, diante do “colapso” atual e irregularidades apontadas que comprometem o atendimento à população.

Caso a intervenção ocorra, o governo estadual poderá editar decretos, atos, inclusive orçamentários, fazer nomeações, exonerações, determinar medidas imperativas aos subordinados e demais servidores da secretaria, até que se cumpram efetivamente todas as decisões.