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Mentira e eleição

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ALFREDO DA MOTA MENEZES

“Como Marina Silva passou a ser ameaça, o bombardeio mentiroso é em cima dela

Na América Latina é comum mentir ou amedrontar o eleitor em campanhas eleitorais. Parte do eleitorado regional é manobrável. Alguns casos mostram essa triste realidade.

Começo pela Venezuela. Hugo Chaves agora é São Chaves. Tem altar, capela, dia santo (cinco de março) e oração própria.

Tem um padre nosso a ele que diz, entre outras asneiras, ‘Chaves nosso que estás no céu, na terra, no mar, dai-nos hoje tua luz, não nos deixeis cair em tentação do capitalismo, livrai-nos da maldade pelos séculos e séculos, amém’.

Igreja Católica reagiu e o presidente do país, Nicolás Maduro, bateu duro nela. Usam a ignorância de parte da população para ganhar votos.

Perto da última eleição, Maduro disse que Chaves apareceu a ele em forma de passarinho para orientá-lo. E o povão acredita. 

“Como Marina Silva passou a ser ameaça, o bombardeio mentiroso é em cima dela. Ela disse que vai propor um Banco Central independente. “

Na Argentina, ganham eleição evocando ainda Domingo e Eva Peron. Que eles, como os que governam agora a Argentina, estão do lado dos descamisados contra os malvados do mundo. E tem milhões de eleitores que acreditam.

No Brasil, na reeleição de FHC em 1998, o mote contra o Lula era que ele poderia atrapalhar os ganhos do Plano Real. Em 2002, o marqueteiro do Lula, Duda Mendonça, inventou a frase que a esperança ia vencer o medo.

Lula e o PT aprenderam o caminho e usam o medo em seguidas eleições sem nenhum escrúpulo. Antes se falava que o PSDB ia privatizar a Petrobras, o Banco do Brasil e a Caixa e acabar com a Bolsa Família.

Ainda se fala nisso mas ingredientes novos são acrescidos de acordo com as circunstâncias e o momento.

Como Marina Silva passou a ser ameaça, o bombardeio mentiroso é em cima dela. Ela disse que vai propor um Banco Central independente.

Veio a Dilma e seu programa e dizem que isso pode acarretar recessão, desemprego, falta de recursos para estradas e agricultura.

Santo Deus, Banco Central independente existe no mundo inteiro e não há nada disso. Sua independência é para não ter, como tem no governo Dilma, artimanhas na economia para se tentar ganhar eleição. Com ele independente não há nada disso.

Usa-se o medo para amedrontar gentes sobre a Bolsa Família.

Você sabia que 23% do eleitorado recebem o beneficio? Se colocar juntos o Pronatec, Minha Casa e Prouni chegam a 37% de eleitores beneficiados pelo governo.

Se alguém perder uma eleição com tantos beneficiados com dinheiro público é porque é mesmo ruim de bola.

Marina disse também que, além do pré-sal, vai incentivar outras fontes de energia.

Vem a Dilma e diz que ela quer acabar com essa riqueza brasileira. E tem milhões de conterrâneos que acreditam na invenção da presidente de que a Marina vai parar essa exploração.

Será que, no caso da Marina, esse medo instilado não pode reverberar contra?

Aconteceu em 2002 com o Lula, talvez se repita agora ou, na frase do próprio PT, a esperança mais uma vez deve vencer o medo.

ALFREDO DA MOTA MENEZES é historiador e articulista político em Cuiabá.