
Por JANÃ PINHEIROÂ

   O Ministério Público do Estado de Mato Grosso, por meio da 1ª Promotoria de Justiça Criminal de Chapada dos Guimarães, denunciou uma quadrilha acusada de assassinar quatro pessoas – dois fazendeiros, um vaqueiro e um advogado – no municÃpio de Planalto da Serra. Além dos assassinatos, eles vão responder ainda por subtração de bens e veÃculos pertencentes à s vÃtimas, ocultação e destruição de cadáver, falsificação de documentos e associação criminosa. Os crimes ficaram conhecidos na região como o “Caso dos corpos carbonizados”. As mortes aconteceram em maio de 2016 e, somente após uma longa investigação, a PolÃcia chegou até os responsáveis.
         Foram denunciados Mário da Silva Neto (conhecido como Neto), Rodinei Nunes Frazão (Nei/Ney/Frazão), Thiago Augusto Falcão de Oliveira, Evangelista Matias Sales (Tuta) e João Edgar da Gama. Eles são acusados de executar os fazendeiros Tirço Bueno Prado, de 72 anos e o filho, Joneslei Bueno Prado, de 43 anos. Eles mataram ainda o vaqueiro Claudinei Pinto Maciel, 29, em 13 de maio de 2016, além do advogado SÃlvio Ricardo Viana Moro, no dia 18 de maio do mesmo ano.
       Os dois fazendeiros, que vieram de Apucarana (PR) compraram a Fazenda Sapopema, em Planalto da Serra, onde residiam e trabalhavam. De acordo com os autos, as vÃtimas tinham a intenção de vender ou arrendar o imóvel, informação que chegou até o denunciado Rodinei e a vÃtima SÃlvio Ricardo. Em 2015 ambos se fizeram passar por corretores informais, colocando-se a disposição para oferecer o imóvel rural, além de auxiliar no processo de regularização do imóvel, que não possuÃa escrituração legal.
       A partir daà uma trama para matar os fazendeiros foi arquitetada pela quadrilha. O denunciado Rodinei apresentou aos dois proprietários do imóvel o denunciado Mário, como um possÃvel comprador ou arrendatário da fazenda. A data marcada para a “negociação†foi 9 de maio de 2016 quando pai e filho foram assassinados por Mário. Para assegurar a impunidade dos crimes, os dois pegaram pedaços de madeira e materiais inflamáveis e atearam fogo nos corpos. Quatro dias depois (13 de maio), outro integrante da quadrilha, Thiago, a mando de Mário foi até a fazenda para terminar de ocultar qualquer vestÃgio dos corpos. Desta forma, os restos mortais que ainda existiam das vÃtimas forma colocados dentro de sacolas plásticas e jogados no Rio Mata Grande.
     Nesta data, o vaqueiro de uma propriedade rural vizinha, Claudinei Pinto Maciel, chegou na fazenda Sapopema em busca de uma vaca desgarrada e, provavelmente desconfiou que algo de errado tinha acontecido no local. Antes mesmo de passar pela porteira da fazenda, o vaqueiro foi assassinado com disparo de arma de fogo e, também, teve o corpo queimado e os restos mortais colocados dentro de um saco e jogados no rio.
      “Dando seguimento à s ações criminosas, o denunciado Mário, em coautoria com os demais denunciados Rodinei e Thiago, contando com o auxÃlio dos denunciados Evangelista e João Edgar, além de SÃlvio (os quais sabiam das ocorrências anteriores) traçaram um plano para que, juntos, pudessem forjar um contrato de arrendamento da Fazenda Sapopema e, assim, portanto, tomariam posse em definitivo do referido imóvelâ€, destaca na denúncia a promotora de Justiça Taiana Castrillon Dionello.
    Entretanto, a vÃtima SÃlvio, que até então tinha conhecimento dos assassinatos perpetrados e do plano arquitetado, mostrou-se exitoso em aceitar participar da empreitada, advertindo aos demais denunciados que acabariam sendo descobertos. A negativa de SÃlvio foi o suficiente para que os demais integrantes decretassem sua sentença de morte. SÃlvio foi executado a tiros e teve a cabeça decapitada a fim de dificultar a identificação do corpo, que foi ocultado em um matagal próximo da rodovia conhecida por “Estrada do Mansoâ€.
      Dando continuidade à saga criminosa, a fim de legalizar a posse da fazenda, entre os dias 22 a 31 de maio de 2106, os integrantes da quadrilha confeccionaram um contrato particular falso de arrendamento do imóvel rural para a exploração agrÃcola e pecuária. Para conferir “ares†de autenticidade e legalidade os denunciados “fabricaram†uma assinatura dos fazendeiros a fim de poder explorar a área. Antes disso, porém, eles levaram praticamente todos os bens da propriedade, deixando para trás apenas o gado, que eles não tiveram êxito em retirar da fazenda. Os amigos e familiares dos fazendeiros, porém, desconfiaram da ação e levaram os fatos ao conhecimento da PolÃcia Civil que já investigava a morte do vaqueiro e acabou descobrindo todos os assassinatos que tinham por trás a ação da quadrilha.







