
Gilberto José Zortêa, 41 anos, gaúcho de Erechim, veio para estudar e voltar ao Rio Grande do Sul. O retorno jamais ocorreu. “Cheguei aqui há 22 anos, me formei, construà famÃlia e atualmente desejo contribuir para o crescimento da cidadeâ€, disse. “Não me vejo mais morando no Rio Grande. De forma alguma mudaria de BrasÃlia para qualquer outro lugarâ€, acrescenta.Â

Foi em BrasÃlia que Zortêa conheceu a mulher, que é brasiliense, e ganhou uma sogra gaúcha e um sogro goiano. “É a mistura dos povos. Cada cultura tem seus sabores e dissabores no Brasil, mas somente BrasÃlia e São Paulo conseguem ter essa perfeita miscigenação.â€
Responsável pelo Centro de Tradição Gaúcha (CTG), do qual é “patrão†– termo equivalente a presidente -, Zortêa promove eventos e gosta de reunir pessoas de todos os cantos do paÃs e do mundo. “Temos sócios que não são gaúchos, mas estão sempre nos jantares da tradicional Sexta Nativa onde há comida, música e dança tÃpicas.â€
Casa do Ceará
Osmar Alves de Melo, presidente da Casa do Ceará, é de Iguatu (CE). Em 1963, chegou sozinho a BrasÃlia, mas pouco tempo depois veio a famÃlia: o pai, a mãe e os 12 irmãos estão na capital federal. Na cidade, ele casou e teve três filhas.

“Sempre pensei que quando me aposentasse iria voltar para o Ceará. Até comprei apartamento. Mas o imóvel virou local para passar as fériasâ€, disse Melo. Hoje, descarta a possibilidade de retonar ao Ceará. “Não volto mais. Tenho até o tÃtulo de Cidadão Honorário de BrasÃlia e ajudei a construir o parque Olhos d’Ãgua. O cearense é um estado d’alma, leva a cultura, seus costumes e hábitos para onde vai. Não perde a ligação, mesmo não querendo voltar.â€, diz
Pioneiro
O historiador e jornalista Adirson Vasconcelos chegou a BrasÃlia, em 3 de maio de 1957 - veio do Recife para a capital para a cobertura das obras de inauguração. Ele se lembra com carinho do sentimento daquele dia. “O céu azul, com nuvens muito brancas, e o sol me abraçando me deixaram abestado e atônitoâ€, relatou. Três anos depois, resolveu voltar e ficar.Â

Bem-humorado, Adirson disse da surpresa que teve quando tentou localizar BrasÃlia no mapa. “Não encontrei nada que indicasse a nova capital do Brasil. BrasÃlia fica no fim do mundo. Um amigo me disse: nada disso, é um pouquinho mais longe do que o final do mundo”, brinca.Â
Do trabalho que seria apenas uma cobertura jornalÃstica, Adirson fez a troca do Recife por BrasÃlia. Segundo ele, na época ouviu do escritor Gilberto Freire: “As novas gerações que nascerão lá [em BrasÃlia] serão a sÃntese da miscigenação do Brasil.â€






