
A safra 2022/23 brasileira está sendo marcada por recordes de produção na soja e no milho, em especial no estado de Mato Grosso. Diante de tais volumes e o desenho da produção e economia mundial, os preços do cereal vem apresentado recuo e preocupando o setor produtivo. Especialistas pontuam que uma reviravolta dependerá da safra americana.
O preço do milho e o que se esperar do mercado para a atual temporada foram debatidos nesta quinta-feira (4) na Live Mais Milho, que integra a sétima edição do projeto Mais Milho e será realizada todas as quintas-feiras do mês de maio.
O debate contou com a presença do presidente da Abramilho, Otávio Canesin, do presidente da Aprosoja-MT, Fernando Cadore, e do consultor da Safras e Mercado, Paulo Molinari. A mediação foi de Glauber Silveira.

Foto: Canal Rural Mato Grosso
De acordo com o consultor da Safras e Mercado, Paulo Molinari, 2023 se desenha para um ano diferente de 2022, que foi impactado pela guerra entre Ucrânia e Rússia e quebras de safras na Europa e na China, além de estabilidade na safra americana e muito nervosismo sobre o abastecimento global.
“2023 começou diferente. Tivemos ainda o La Niña. Ele trouxe uma quebra de safra histórica para a Argentina, mas uma safra recorde de soja para o Brasil e, infelizmente, o produtor, apesar de todos os aconselhamentos, demorou para decidir a venda e essa soja hoje está encalhada dentro do mercado brasileiro”, pontuou Molinari.
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O consultou da Safras e Mercado frisou, durante a live, que para a soja tal decisão do produtor “não tem problema”, contudo para o milho segunda safra é, principalmente diante das projeções que apontam recorde de produção.
“Final de maio, começo de junho, nós já temos colheita em Mato Grosso e Goiás e os armazéns e logísticas estão todos comprometidos com esse embarque de soja, que vai ser longo esse ano. Nós vamos ter que encontrar espaço no meio disso tudo para uma safrinha que está mal vendida antecipadamente e que vem forte”.

Foto: Canal Rural Mato Grosso
Milho nas mãos do clima americano
Conforme Molinari, a única chance de o mercado virar de ponta cabeça, no que tange em especial o milho, no segundo semestre é o clima americano.
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“O milho, infelizmente, a US$ 5,20, US$ 5,50 tem pelo menos um dólar de queda para Chicago ainda e esse é o grande problema, porque apesar do mercado estar ruim, fraco, você ainda tem gordura para ser queimada nesse preço do milho na Bolsa de Chicago. E, claro que caindo o preço na Bolsa de Chicago você tem pressão sobre o mercado brasileiro no preço do porto e nós vamos acabar exportando milho à preços baixos esse ano”.
O especialista alerta ainda que, com a previsão de um El Niño, as chuvas no Brasil devem chegar mais cedo e que em janeiro é preciso que o milho esteja escoado para dar espaço para a soja.

Temor dos produtores em Mato Grosso é ver novamente a produção à céu aberto. Foto: Canal Rural Mato Grosso
Armazenagem é um gargalo preocupante, diz Aprosoja-MT
A situação da armazenagem, segundo o presidente da Aprosoja-MT, Fernando Cadore, é complexa e antiga.

Foto: Canal Rural Mato Grosso
Inseguranças travam comercialização
O pé no freio do produtor brasileiro na comercialização em 2023, em especial do milho, conta com vários fatores. Entre eles, pontuou o presidente da Abramilho, Otávio Canesin, está a própria insegurança do agricultor em se realmente vai produzir o esperado.
“A maioria do nosso milho é em segunda safra e em vários lugares ela é influenciada por uma instabilidade de clima muito grande. Então, isso leva o produtor primeiro enxergar uma safra um pouco mais concreta para promover algum tipo de travamento”.
Outro ponto levantado pelo presidente da Abramilho para a “lentidão” das vendas do cereal envolve a troca de governo no país.
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