
José Wallace dos Santos Lins foi executado exclusivamente por causa de suas tatuagens. Essa é a principal conclusão da Delegacia de Homicídios, que nesta sexta-feira (05) detalhou a operação deflagrada para prender os envolvidos no assassinato ocorrido em uma área dominada por facção criminosa.
Segundo o delegado responsável, a equipe precisou cumprir mandados de busca em diversos pontos devido à precariedade da região, onde as casas não são identificadas e moradores vivem sob domínio do crime, sem liberdade sequer para denunciar abusos sem medo de represália.
Durante a investigação, surgiram rumores sobre possíveis conflitos conjugais envolvendo a vítima e a esposa, mas a Polícia Civil descartou qualquer ligação desses episódios com o homicídio. O que se comprovou, conforme o delegado, é que José desceu à rua para observar um “salve” aplicado a outra pessoa quando foi abordado por criminosos.
Ao notarem uma tatuagem do Tio Patinhas e, em seguida, outra que fazia alusão ao número três, associado ao Primeiro Comando da Capital, os membros da facção rival passaram a acusá-lo de integrar o grupo adversário, apesar das negativas dele. A violência escalou ao ponto de a esposa ter o braço quebrado para entregar a senha do celular, sendo depois forçada a apresentar uma versão falsa à polícia para satisfazer os criminosos.
A análise policial indica que José não tinha, ao menos recentemente, vínculo comprovado com facção criminosa. O delegado ressaltou que, após deixar Alagoas, ele trabalhava como açougueiro e levava uma vida tranquila em Mato Grosso.
Por isso, afirma, a tatuagem foi determinante para a execução, já que os autores nem sequer conheciam a vítima. “Foi sentenciado à morte por carregar desenhos associados a um grupo rival, sem qualquer outra motivação específica”, resumiu.
A região onde o crime ocorreu vive sob constante intimidação, com agressões públicas usadas para impor medo e reforçar o domínio criminoso. No dia do assassinato de José, outra pessoa já havia sido espancada em via pública, diante de vizinhos, como demonstração de força da facção.







