
         MPT participa de resgate de trabalhadores em condições análogas às de escravo em MT
Imagine uma pessoa trabalhando em uma fazenda e sendo obrigada a permanecer por meses sem nenhum banheiro para uso, tendo que fazer as necessidades fisiológicas no mato, a céu aberto; sem local para tomar banho, tendo que utilizar um córrego que está mais para um “barreiro”; sem local adequado para refeição, tendo que comer no chão, em um canto qualquer; sem camas para dormir, tendo que utilizar colchões velhos, rasgados e sujos espalhados pelo chão ou “camas” improvisadas feitas de “tábuas de carreta sobre galões”. Imagine essa pessoa sem água potável para beber e tendo que carregar a água que encontrar em vasilhames de agrotóxicos.
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“Córrego” utilizado pelos trabalhadores para tomar banho e lavar roupas. Foto: Fiscalização
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Sem banheiro adequado para uso, os trabalhadores eram obrigados a fazer suas necessidades fisiológicas no mato. Foto: Fiscalização
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No “alojamento”, os colchões, velhos e sujos, ficavam no chão junto com roupas e caixas contendo alimentos e pertences. Foto: Fiscalização
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Esse ambiente de degradância foi o encontrado pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e pelo Grupo de Operações Especiais (GOE) da PolÃcia Civil em uma operação realizada no dia 9 de novembro, que resultou no resgate de 13 trabalhadores que laboravam na Fazenda Morro Grande, localizada no municÃpio de Rosário Oeste, próximo a Jangada, a cerca de 90 km de Cuiabá/MT.
A maior parte dos trabalhadores foi contratada há cerca de seis meses para o plantio e corte de eucalipto. Quatro deles são naturais do Maranhão.
O grupo que participou da ação, que contou com o procurador do Trabalho Thiago Gurjão, coordenador regional da Coordenadoria Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo (Conaete) do MPT, com os auditores fiscais do Trabalho Ingrid Berger Colpaert e Otávio Morais e com policiais, constatou que os trabalhadores, além fazerem suas necessidades fisiológicas no mato e tomarem banho em um “córrego” (na verdade um acúmulo de água sem fluxo corrente significativo), sequer recebiam materiais básicos de higiene como papel higiênico.
Para terem água para beber, percorriam quilômetros, por conta própria, até chegarem a uma nascente, sem que tivessem recipientes adequados para o transporte. Alguns dos poucos equipamentos de proteção individual fornecidos (e mesmo algumas ferramentas de trabalho) eram descontados do salário. Â
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Os poucos EPI’s fornecidos aos trabalhadores eram descontados no salário. Foto: Fiscalização
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Um dos resgatados relatou, ainda, que era disponibilizada uma “casa” para alojamento, mas, além de não dispor de banheiros nem chuveiros, não possuÃa espaço e ventilação adequados ao número de trabalhadores, obrigando muitos a dormirem do lado de fora, no alpendre.Â
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Com um “alojamento” em péssimas condições, muitos preferiam dormir na parte externa da “casa”. Foto: Fiscalização
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Os trabalhadores improvisaram “camas” com “tábuas de carreta sobre galões”. Foto: Fiscalização















