Apenas no último ano, 133 crianças perderam suas vidas.
Safira Campos/pnbonline
Foto: Daniel Caron/ FAS/RBA
Um relatório divulgado nesta quarta-feira (26.07) pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi) trouxe à tona dados preocupantes sobre a violência e a negligência enfrentadas pelos povos indígenas em Mato Grosso e no Brasil. De acordo com o relatório “Violência Contra os Povos Indígenas do Brasil”, entre os anos de 2019 e 2022, mais 480 crianças indígenas com até quatro anos de idade perderam suas vidas no estado.
Com base na Lei de Acesso à Informação (LAI), o Cimi obteve dados parciais da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) que apontaram 835 mortes de crianças indígenas entre 0 e 4 anos em todo o país somente em 2022. Os estados mais afetados foram o Amazonas, com 233 óbitos, Roraima, com 128, e Mato Grosso, com 133 mortes nessa faixa etária.
Olhando para o período de quatro anos, a situação se mantém preocupante, com os mesmos três estados concentrando a maioria dos óbitos: 1.014 mortes no Amazonas, 607 em Roraima e 487 em Mato Grosso. Como indicam os autores do relatório, esses números chamam a atenção para a urgência de medidas efetivas que protejam a saúde e o bem-estar das crianças indígenas em todo o território nacional.
Além das questões relacionadas à mortalidade infantil, o relatório também destacou os conflitos em torno dos direitos territoriais dos povos indígenas. Em 2022, foram registrados 158 casos de conflitos em 22 estados do Brasil. No caso de Mato Grosso, foram 16 situações registradas.
Entre os conflitos relatados em Mato Grosso, constam invasões de terras indígenas com anuência de órgãos federais, anulação de processo de revisão demarcatória, projetos de construção de ferrovias sem consulta prévia, invasões e conflitos com danos ao meio ambiente, tentativa de coerção para redução do território e conflitos fundiários com omissão e morosidade na demarcação das terras.
Outro ponto preocupante diz respeito aos assassinatos de indígenas no estado. Entre 2019 e 2022, Mato Grosso registrou 10 mortes violentas nessas comunidades, o que reforça a vulnerabilidade e a insegurança enfrentadas por esses povos.
Dados Nacionais
O número de indígenas assassinados no Brasil entre 2019 e 2022 chegou a 795. Só no ano passado, foram 180. Em relação às violências cometidas contra pessoas, classe que inclui, além dos assassinatos, outros tipos de violência não letais, o ano passado chegou ao fim com um total de 416 casos. Esse número é 15,2% superior ao de 2021. Dentro dessa categoria, as ameaças de todo tipo praticamente dobraram quando comparados os registros do ano passado com os de anos anteriores, assim como os casos de racismo e discriminação e as violências sexuais.
