De acordo com as investigações, os golpistas assumiam identidades on-line falsas e passavam meses enganando as vítimas
Por Alessandro Di Lorenzo, editado por Bruno Capozzi
A polícia de Hong Kong concluiu que 21 homens foram vítimas de um golpe que usava inteligência artificial. De acordo com as investigações, um grupo criminoso usava deepfakes para praticar o que ficou chamado de “golpe do amor”.
Golpe causou um prejuízo milionário
- Até agora, 27 pessoas que fariam parte do suposto esquema fraudulento foram presas.
- Os suspeitos, com idades entre 21 e 34 anos, eram, em sua maioria, graduados em mídia digital e tecnologia.
- De acordo com as investigações, eles teriam sido recrutados pela gangue após frequentarem universidades locais.
- O golpe funcionou por cerca de um ano e causou um prejuízo total de US$ 46 milhões (quase R$ 260 milhões) para as vítimas.
- Os alvos eram homens de Taiwan à Cingapura, bem como de lugares distantes como a Índia.
- A polícia recuperou mais de 100 telefones celulares, o equivalente a quase US$ 26 mil (pouco mais de R$ 146 mil) em dinheiro e vários relógios de luxo.
- As informações são da CNN.
Como funcionava o esquema com deepfake
De acordo com a polícia, o deepfake era feito através de vídeo, áudio e outros conteúdos falsos realistas criados com a ajuda de IA. Os golpistas assumiam identidades on-line falsas e passavam meses preparando seus alvos para levá-los a investir em sites de criptografia falsos.
O esquema geralmente começava com uma mensagem de texto. Nela, o remetente, que se passava por uma mulher, dizia que havia adicionado o número errado por engano. Dessa forma, os golpistas iniciavam romances on-line com as vítimas.
O grupo era altamente organizado, dividido em departamentos encarregados de diferentes estágios do golpe. Eles até usavam um manual de treinamento para ensinar os integrantes a aplicar o golpe, aproveitando-se da “sinceridade e emoção da vítima”.
Entre as etapas estavam: aprender sobre a visão de mundo da vítima para criar uma persona “sob medida”; inventar dificuldades, como relacionamentos ou negócios fracassados, para “aprofundar a confiança da outra pessoa”; e, por fim, apresentar uma “bela visão”, incluindo planos de viagem, para convencer a vítima a investir.