Estabeleceu-se, nesse 1º de Maio um verdadeiro paradoxo. No Dia do Trabalho, o governo anuncia aumento no valor do Bolsa FamÃlia, um programa social criado para atender à queles que, por alguma razão, não têm trabalho. Fez-se isso num momento em que o pais amarga a mais alta taxa de desemprego, fruto da desastrada polÃtica econômica implementada pelos governos do Partido dos Trabalhadores e partidos da sua base aliada que, para fazer frente à crise da economia mundial, potencializou o consumo através do crédito fácil e temerário e da renúncia fiscal que acabou ensejando atos de corrupção hoje apurados judicialmente.
              O trabalhador brasileiro não teve o que comemorar nesse 1º de maio. Pelo contrário, no momento em que está desempregado ou teme perder o seu emprego, ele vê o esfacelar do partido polÃtico e o migrar dos seus aliados (entre eles o PMDB) que, com o discurso fácil e os conchavos, ascenderam ao poder e, encastelados, viraram-lhe as costas e hoje são alvos das mais graves acusações de corrupção e irregularidades. Se sonhou com dias melhores, hoje já se conscientizou que não será através da polÃtica desses partidos em que um dia confiou. Muitos não sabem, nem, se poderão confiar em alguém. A desesperança é um grande mau para o paÃs.
              A outra medida pseudo-populista anunciada pela presidente, em 1º de maio, é a correção da tabela de isenção do Imposto de Renda. É, sem dúvida, uma reivindicação geral, mas, se a quisesse implantá-la de fato, não precisaria fazê-lo à véspera de seu afastamento. Conclui-se que se não estivesse para cair, não o faria.
              Pela atitude ora adotada, é preciso vigilância total sobre esses últimos dias em que a presidente continuará no poder. Embora tenha autoridade para tanto, há que se questionar as “bondades†que possa assinar e deixar para o sucessor cumprir. Poderão existir, entre os atos de governo, algumas bombas de difÃcil desarme. O mais decente e correto para com a nação, seria Dilma apenas despachar o expediente, mas não há garantias de que ela tenha a suficiente grandeza para assim agir.
              Acusar o vice de “golpe†é expediente normal de todos os governantes prestes a cair. Já se viu isso acontecer em episódios anteriores, também em estados e municÃpios. Mas adotar medidas populistas de ultima hora que possam estourar nas mãos do sucessor, é o cúmulo da desonestidade. É preciso compreender que, depois do impeachment, independente do resultado, todos nós teremos um Brasil para reconstruir. Quanto mais devastado estiver, mais difÃcil será a recuperação e maior o sofrimento do povo, especialmente dos que hoje padecem com o desemprego.
 Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)Â
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