Ana Castro
Do UOL, em São Paulo
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É papel dos pais fazer o filho compreender a gravidade da falha cometida
Muitos pais de adolescentes se questionam sobre como devem agir quando os filhos se comportam de forma inadequada ou perigosa. Alguns apelam para o castigo. Mas será que ele é mesmo eficiente? Para a psicóloga Paula Gomide, especialista em estilos parentais e práticas educativas e autora do livro “Pais Presentes, Pais Ausentes: Regras e Limites” (Editora Vozes), o castigo por si só não funciona.
“O castigo é uma tentativa de educar ineficiente. Serve apenas para quem aplica, pois acha que está tomando alguma atitude a respeito, mas o adolescente não aprende nada”, afirma Paula.
Quando o jovem apresenta algum comportamento que foge daquilo que a famÃlia acredita ser o certo, o papel dos adultos é ajudá-lo a compreender a gravidade do problema.
“A primeira atitude deve ser levar o adolescente a fazer uma autocrÃtica do seu comportamento, avaliar as consequências de seus erros. O problema é que, frequentemente, os pais não dão tempo para o filho refletir sobre o que fez. O segundo passo é orientá-lo sobre como reparar o dano feito. O erro tem de servir para alterar o comportamento futuro, não para punir”, diz a psicóloga.
É comum que o adolescente, por imaturidade, não faça uma autocrÃtica. Nesses casos, os pais devem, então, instituir uma consequência do erro. “O adolescente precisa entender que está perdendo algum privilégio porque mentiu, porque bebeu. Ele precisa compreender a consequência”, fala Paula Gomide.
Segundo Ana Paula, os conflitos entre pais e filhos adolescentes não precisam ser negativos, o que costuma ser prejudicial é a maneira como eles são resolvidos, a partir de práticas violentas. “Ao acompanhar de perto o desenvolvimento dos filhos, passar valores e conversar sobre atitudes positivas e negativas e suas consequências, os pais podem ter mais êxito ao desenvolver neles uma postura crÃtica que os permita expressar suas opiniões e realizar escolhas baseadas em princÃpios sólidos.”
A psicóloga Paula Gomide diz que tanto as crianças quanto os adolescentes precisam de práticas educativas que reforcem um comportamento moral, como aprender sobre honestidade, justiça, polidez.
Acompanhamento positivo
Outro aspecto fundamental, quando se trata de adolescentes, é o acompanhamento positivo. “Ao chegarem na adolescência, os filhos ganham também mais liberdade e autonomia, que são muito importantes para a sua formação. A monitoria positiva é se interessar por eles, dar apoio, ouvir. É estar pronto para criticar e conversar quando erram, sem violência, mas ajudando-os a cumprir as regras.”
Para Ana Paula, o ideal é que o adolescente tenha respeito pelos pais e não medo. A ideia da participação juvenil engloba poder expressar sua opinião e ser ouvido em todos os ambientes em que se desenvolvem: famÃlia, escola e comunidade. “Fala-se da criança e adolescente enquanto sujeitos de direitos. Ter direitos não significa poder tudo, sem limites e passando por cima dos demais. O direito de participação implica também no respeito aos demais.”
A psicóloga Maria Aznar-Farias, pesquisadora do Laboratório de Psicologia Ambiental e Desenvolvimento Humano da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), reforça que apenas o diálogo não é suficiente.
“Os pais devem explicar aos filhos quais são seus deveres, obrigações e direitos, de uma forma carinhosa e amena, mas também é importante o modelo. Os adultos precisam olhar para si mesmos e perceber se se comportam de maneira adequada. A autorreflexão é muito importante para ser um bom pai.”
Frequentemente, a situação de conflito entre pais e filhos chega a um nÃvel em que quase não há mais espaço para o diálogo. “Nessas horas, é importante toda a famÃlia buscar ajuda terapêutica. Não basta mandar apenas o adolescente”, declara Maria Aznar-Farias. Postada por JL Pindado Verdugo