Segundo relatório internacional, o Brasil é campeão mundial no uso de agrotóxicos
Por Vladimir Platonow, da Agência Brasil
          O Brasil é campeão mundial no uso de agrotóxicos, cabendo a cada brasileiro o consumo médio de 5,2 litros de veneno agrÃcola por ano. O dado foi divulgado hoje (3) por ambientalistas, quando é celebrado o Dia Internacional da Luta contra os Agrotóxicos. A data lembra a tragédia ocorrida há 30 anos, na cidade de Bhopal, na Ãndia, quando uma fábrica da Union Carbide, atual Dow Chemical, explodiu, liberando toneladas de veneno no ar, matando nas primeiras horas 2 mil pessoas e outras milhares nos dias seguintes.
         A data foi lembrada em diversas cidades brasileiras. No Rio de Janeiro foi organizado um protesto, na Cinelândia, em frente à Câmara de Vereadores. O integrante da coordenação nacional da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida Alan Tygel criticou o modelo agrÃcola brasileiro, dirigido à exportação e altamente dependente de agrotóxicos.
             “Nós, aqui no Brasil, estamos desde 2008 na liderança como os maiores consumidores de agrotóxicos no mundo. Isso por causa do modelo adotado pelo paÃs, do agronegócio. O Brasil se coloca no cenário mundial como exportador de matérias primas básicas, sem nenhum valor agregado, como é o caso da soja, do milho e da cana. São produtos que ocupam a maior parte da área agricultável brasileira, à medida que a superfÃcie para alimentos básicos vem diminuindoâ€, destacou o ativista.
           Segundo ele, o paÃs é campeão no uso de agrotóxicos, com consumo per capita de 5,2 litros por habitante ao ano. “Mas isso não é dividido de forma igual. Se pegarmos municÃpios de Mato Grosso, por exemplo, como Lucas do Rio Verde, lá se consome 120 litros de agrotóxicos por habitanteâ€, alertou Tygel. Os ambientalistas querem o fim da pulverização aérea – medida já praticamente banida em toda a Europa -, o fim da comercialização de princÃpios ativos proibidos em outros paÃses e o fim da isenção fiscal para os agrotóxicos.
         “Uma das nossas bandeiras é o fim da pulverização aérea, pois uma pequena parte do agrotóxico cai na planta e grande parte cai no solo, na água e nas comunidades que moram no entorno. Temos populações indÃgenas pulverizadas por agrotóxicos que desenvolveram uma série de doenças, desde coceiras e tonteiras até câncer e depressão, levando ao suicÃdio e à má-formação fetalâ€, enfatizou Tygel.
               Além disso, ele ressaltou que o meio ambiente sofre forte impacto, com extinção em massa de diversas espécies de insetos, como abelhas, repercutindo na baixa polinização das plantas e na produção de mel. Também as águas são contaminadas com moléculas absorvidas pelos animais e pelo ser humano, levando a uma série de doenças que, muitas vezes, são passadas das mães para os filhos.
Foto: Contra Agrotóxico
Postada por JL Pindado Verdugo