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     Todos nós que, um dia, clamamos pelo fim da impunidade, temos de admitir que o Brasil está mudando nesse particular. Estão hoje encarcerados ex-governadores, ex-ministros e parlamentares presos dentro da casa onde cumprem seus mandatos. Existem ex-presidentes processados e um deles já condenado e ameaçado de prisão. Até o atual presidente da República é alvo de denúncias que terá de responder assim que terminar o mandato.
         O território outrora inexpugnável dos gabinetes e das residências dos figurões investigados agora é frequentemente tomado pelos policiais que, além de prender ou conduzir coercitivamente o titular, ainda vasculham as dependências e apreendem documentos, computadores e outros objetos que possam interessar ao processo.
        Essa forma de trabalhar já mereceu contestações, mas continua. Além de arrestar provas e conduzir o envolvido até a repartição policial mais próxima, a revoada também informa à população pormenores dos crimes cometidos. Esse procedimento super ativo é possÃvel porque antes de ir em busca daquilo que necessitam, as investigações revelam o que e onde buscar. ConcluÃdas as investigações, foram poucos os que conseguiram se safar. A maioria está presa, em prisão domiciliar ou obrigada a usar tornozeleira.
      Queiram ou não, presidentes, governadores, senadores, deputados, executivos e atravessadores que um dia participaram dos esquemas de fraude às licitações e de outros saques e descaminho do dinheiro público, serão alcançados. É o caminho natural aberto pelo sistema de delação premiada. Em troca do abrandamento da pena, os envolvidos já processados revelam o nome dos seus comparsas. É uma corrente cujos elos vão sendo puxados. A tendência é que muitos envolvidos ainda venham a ser identificados, processados e até presos.
               A Lava Jato e suas paralelas nos sugerem um Brasil novo. É certo que se não forem abortadas – acreditamos que não o serão, pois a limpeza e a seriedade nas coisas públicas tornaram-se irreversÃveis - enveredarão por estados e municÃpios, onde os métodos de corrupção não diferem e poderão ser até maiores do que os encontrados em nÃvel federal. Espera-se que todos os devedores sejam chamados a pagar suas dÃvidas e que a execução da pena de cada um seja a mais justa possÃvel.
       Nem mais nem menos do que devem. Também é de se aguardar que o eleitor não coloque tudo a perder votando nos contumazes desordeiros polÃticos. Para polÃtico corrupto, maior do que a condenação emitida pelo Judiciário é a ausência de votos nas urnas. Depois de condenados, os corruptos não poderão se apresentar como candidatos, mas devido a morosidade da Justiça – abarrotada de processos – boa parte deles ainda conseguirá candidatar-se em 2018. É aà que entra a decisão patriótica do eleitor: não votar neles…
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Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)Â
aspomilpm@terra.com.br                                                                                                    Â
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