sexta-feira, 22/11/2024
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Governo dos EUA decidi liberar experimentos com vírus mortais

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 O governo dos EUA decidiu suspender uma regra em vigor havia três anos que proibia experimentos em laboratório com vírus mortais.

Vetada há três anos, manipulação em laboratório poderá ser feita – mas desde que potenciais benefícios justifiquem os riscos.

Turistas chineses usam máscaras para se proteger do vírus da Mers na Coreia do Sul; pesquisadores poderão pesquisar como o vírus provoca síndrome respiratória  (Foto: Reuters/Kim Hong-Ji)

             Turistas chineses usam máscaras para se proteger do vírus da Mers na Coreia do Sul; pesquisadores poderão pesquisar como o vírus provoca síndrome respiratória

(Foto: Reuters/Kim Hong-Ji)

O governo dos EUA decidiu suspender uma regra em vigor havia três anos que proibia experimentos em laboratório com vírus mortais.

O argumento é que os benefícios potenciais superam os riscos. Pesquisadores poderão, assim, manipular vírus como influenza, Sars (causador da síndrome respiratória aguda grave, que atingiu a Ásia) e Mers (síndrome respiratória do Oriente Médio).

A proibição a esse tipo de experimento havia sido imposta após violações de segurança em instituições federais americanas em testes envolvendo o antraz (doença causada por uma bactéria) e a gripe aviária.

Agora, um comitê científico terá que revisar e dar o sinal verde para cada projeto de pesquisa.

Só será permitido iniciar os experimentos se o comitê determinar que não há outra forma mais segura de conduzir a pesquisa e que os potenciais benefícios justificam o correr o perigo.

 Prós e contras

 Os mais críticos dizem que a decisão não elimina os riscos de uma pandemia acidental. Do outro lado, os que apoiam a medida argumentam que muitos Estados dos EUA não estão preparados para um surto de um vírus mortal, e que as pesquisas podem ajudar na prevenção.

“Acredito que a natureza é bioterrorista, e nós precisamos fazer de tudo para estar um passo adiante”, afirma Samuel Stanley, presidente do Conselho Nacional de Ciência para Biossegurança, que estabeleceu diretrizes para as novas regras.

“Pesquisas básicas com esses agentes feita por laboratórios já mostraram que é possível fazer isso com segurança.”

O veto havia sido imposto em 2014, depois de lapsos de segurança terem sido identificados.

Em junho daquele ano, por exemplo, 75 funcionários dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC, na sigla em inglês) receberam tratamentos por causa da suspeita de terem sido expostos a bactérias de antraz.

No mês seguinte, frascos do vírus da varíola foram encontrados em uma caixa de papelão em um centro de pesquisa em Washington.

Há ainda a preocupação de que a pesquisa com patógenos transmissíveis, como vírus, fungos e protozoários, possa ser usada para a criação de vírus mutantes.

O Instituto Nacional de Saúde (NIH, na sigla em inglês) dos EUA diz que, com a introdução de novas diretrizes, chegou o momento de suspender a proibição do financiamento dessas pesquisas.

 O que dizem as regras

 Para conduzir pesquisas com vírus mortais, é preciso demonstrar que o estudo é “eticamente justificável”.

Laboratórios e instituições interessadas devem também demonstrar capacidade e compromisso de conduzir os experimentos com segurança e de responder de forma rápida a qualquer acidente, de forma a mitigar potenciais riscos.

Segundo Francis Collins, diretor do NIH (sigla em inglês do Instituto Nacional de Saúde), o objetivo é implementar “um rigoroso processo, para termos a segurança de que estamos fazendo (as pesquisas) da forma correta”.

A decisão de acabar com o veto agradou vários cientistas. Para eles, as iniciativas federais e estaduais para reagir a uma possível pandemia tinham piorado – entre as principais razões, dizem, estariam os cortes no financiamento.

No entanto, há quem discorde.

Marc Lipsitch, epidemiologista da Universidade Harvard, disse à publicação científica Nature que esse tipo de experimento “não fez quase nada no sentido de melhorar a nossa preparação para pandemias, mas cria o risco de uma pandemia acidental”.

Ele saudou, porém, o nível extra de controle agora necessário para os casos a serem autorizados.

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