A explosão de caixas eletrônicos tornou-se fato banal na crônica policial brasileira. Todos os dias temos notÃcia de um, dois, três ou mais caixas invadidos e arrebentados por bandidos que levam seu dinheiro e, de quebra, deixam um rastro de destruição nas instalações. Com a certeza de ter dinheiro fácil, as quadrilhas invadem fábricas, postos de combustÃveis, supermercados e as próprias agências bancárias e, para ter mais facilidade de fuga, ousam metralhar instalações e viaturas e, até, matar policiais que tentem contê-los. Esse crime acontece tanto nas capitais quanto nas menores cidades do interior. O quadro já extrapolou a área de atribuição policial. É preciso um grande esforço nacional para inviabilizar os ataques, que escandalizam e atormentam a população.
           Temos de encontrar meios de proteger as instalações e desencorajar as quadrilhas. O governo executa há anos a campanha de desarmamento do povo mas, lamentavelmente, não consegue fazer o mesmo em relação aos bandidos que, a cada dia, portam mais pistolas automáticas, fuzis, metralhadoras e armas de guerra. Quando começaram a atacar os caixas eletrônicos, levavam o cofre ou até a máquina inteira, para abrir em local seguro e retirar o dinheiro. Depois passaram cortá-los com serra ou maçarico e, de tempos para cá, usam o explosivo. Tanto as armas quanto os explosivos têm porte proibido. É necessário exercer o controle com o mesmo Ãmpeto que se aplica  ao cidadão incauto que insiste em portar arma para defesa pessoal.
           A escalada do crime – especialmente o crime organizado – constitui o grande drama da sociedade brasileira. SaÃmos do romântico tempo das cadeiras na calçada, onde os vizinhos se reuniam no inÃcio da noite para conversar, para o quadro atual de moradias cercadas por grades e sensores e impossibilidade de sairmos à s ruas onde, mesmo de automóvel, corremos o risco de ser assaltados ou mortos. Não podemos mais ir ao banco e sacar dinheiro, portar relógio ou qualquer objeto de valor e até o caixa eletrônico, criado para facilitar nossa vida, com certeza vai se tornar mais indisponÃvel e raro, pois se transformou em fator de risco.
           Governo, parlamentares, juristas, sociólogos, ongueiros e todos aqueles que batem no peito dizendo ter lutado pela implantação e aperfeiçoamento da democracia não devem dar sua tarefa por encerrada. Agora é hora de devolver ao povo o seu direito de ir e vir e de subjugar o crime para que o crime não subjugue a sociedade. Mãos à obra, senhores e senhoras!!!
 Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)  - aspomilpm@terra.com.br Â