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Emily Bispo da Cruz, de 20 anos, foi esfaqueada na frente do filho de 4 anos de idade. Vítima mais recente da ignorância do machismo.
Mato Grosso, campeão de produção de soja, algodão e carne, está hoje, tristemente, entre os estados campeões de feminicídio. Se Mato Grosso aprendeu a plantar grãos, precisa aprender a plantar uma cultura de respeito às mulheres, revertendo a sua posição vergonhosa neste ranking do machismo violento, a erva daninha que mata as mulheres. A realidade é que muito ainda precisa ser feito, para além de boas intenções e algumas ações práticas. Quem deve liderar isso? São os políticos, sim. A começar pelo exemplo de indignação pública contra crimes e de promover com urgência um debate com a sociedade que possa criar novas sementes de uma cultura do respeito à vida das mulheres.
Por conta da reverberação do vídeo que flagrou mais um crime odioso contra uma mulher, viralizado nas redes sociais, Mato Grosso assistiu à sua vergonha. Mais um assassinato motivado pela ignorância masculina de quem se acha no direito de matar. Ocupados em se autoglorificar, em fazer dancinhas e outras modinhas digitais, políticas e políticos de Mato Grosso fizeram um lamentável silêncio cúmplice em relação à nova vítima da violência. Nem uma postagem, nenhuma reação que pudesse servir de bom exemplo para os seus seguidores.
O site G1MT relatou o caso de mais uma mulher assassinada:
“Se Mato Grosso aprendeu a plantar grãos, precisa aprender a plantar uma cultura de respeito às mulheres, revertendo a sua posição vergonhosa neste ranking do machismo violento”
Antônio Aluízio da Conceição Marciano, de 20 anos, foi preso nesta quinta-feira (16) por ter esfaqueado a ex-namorada, Emily Bispo da Cruz, de 20 anos, na frente do filho menor de idade no Bairro Pedra 90, em Cuiabá, segundo a Polícia Civil. Ele estava escondido em uma casa abandonada no Parque Cuiabá.
Após ver a mãe esfaqueada, o filho – de 4 anos – se senta ao lado dela em uma calçada, enquanto testemunhas tentam pedir ajuda. Emily foi socorrida com perfurações no tórax, abdômen, braço e coração, mas morreu após dar entrada na policlínica da região.
O crime ocorreu à luz do dia e havia testemunhas. Amigos da vítima contaram que ela estava levando o filho na escola quando foi assassinada.
Emily trabalhava como vendedora e morava sozinha com o filho. Ao terminar o relacionamento com o suspeito, ele passou a fazer ameaças, porém, ela tinha medo de denunciar o ex, segundo uma amiga de Emily.
A faca usada no crime foi encontrada na calçada de uma casa onde a vítima teria sido atingida.
De acordo com a Polícia Civil, o caso é tratado, a princípio, como feminicídio. A Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção a Pessoa (DHPP) investiga o caso.
– Quando a Assembleia Legislativa vai promover um debate público sobre Mato Grosso matador de mulheres? Quais propostas de políticas públicas vão ser geradas pelas mentes brilhantes dos parlamentares?
– Quando a Câmara de Cuiabá vai promover um debate itinerante nos bairros da periferia sobre a segurança das mulheres cuiabanas e a educação contra a praga do machismo?
– Quando o governo do estado vai liderar mais ações para mitigar essa vergonha que coloca Mato Grosso entre os campeões da matança de mulheres?
– Não é dizer mais do mesmo sobre o que foi feito. O momento exige mais, exige novas ações, exige mais práticas de enfrentamento à violência contra a mulher.
Do pnbonline