Início Comportamento Abandonado pelo PT, ignorado por Dilma e ofendido por Lula, DelcÃdio pode... Comportamento Abandonado pelo PT, ignorado por Dilma e ofendido por Lula, DelcÃdio pode ser “A” TESTEMUNHA Por Folha de Colíder - 29 de novembro de 2015 110 0 FacebookTwitterPinterestWhatsApp VEJA                   Para entender a magnitude da prisão, na semana passada, de DelcÃdio do Amaral, senador petista e lÃder do governo, é preciso até um pouco de imaginação. Pois imaginemos que nenhum empresário preso na Operação Lava-Jato tivesse até hoje quebrado o silêncio nas delações premiadas – ou que nenhum polÃtico estivesse na lista que a Procuradoria-Geral da República mandou para o Supremo Tribunal Federal (STF). Mesmo no cenário irreal acima, a prisão de DelcÃdio e a possibilidade de ele recorrer à delação premiada – uma vez que foi abandonado pelo PT, ignorado por Dilma e ofendido por Lula – terão consequências devastadoras para a estabilidade do já cambaleante regime lulopetista. DelcÃdio do Amaral testemunhou os momentos mais dramáticos dos escândalos do governo do ex-Âpresidente. Viveu e participou desses mesmos momentos no governo Dilma. DelcÃdio não é uma testemunha. Ele é “a” testemunha – e a melhor oportunidade oferecida à Justiça até agora de elucidar cada ação da entidade criminosa que, nas palavras do ministro Celso de Mello, decano do STF, “se instalou no coração da administração pública”.   Terminada uma reunião no gabinete de Dilma Rousseff, em junho passado, DelcÃdio chamou-a de lado e disse a seguinte frase: “Presidente, a prisão (de Marcelo Odebrecht) também é um problema seu, porque a Odebrecht pagou no exterior pelos serviços prestados por João Santana à sua campanha”. DelcÃdio contrariou o diagnóstico de Aloizio Mercadante, que ainda chefiava a Casa Civil, segundo quem a prisão de Marcelo Odebrecht “era problema do Lula”. Ao deixar o Palácio do Planalto, DelcÃdio definiu Dilma a um colega de partido como “autista”, espantado que ficou com o aparente desconhecimento da presidente sobre o umbilical envolvimento financeiro do PT com as empreiteiras implicadas na Lava-Jato. Na reunião, Dilma dissera aos presentes que as repercussões da operação nada mais eram do que uma campanha para “criminalizar” as empreiteiras e inviabilizar seu pacote de investimento e concessões na área de infraestrutura. “A Dilma não sabe o que é passar o chapéu porque passaram o chapéu por ela”, concluiu DelcÃdio.     Passar o chapéu é bater na porta das empreiteiras e pedir dinheiro para campanhas polÃticas. Quando feitas dentro da lei, as doações não deixam manchas no chapéu. Mas, quando fruto de propinas como as obtidas nos bilionários negócios com a Petrobras, a encrenca, mesmo que seja ignorada por sua beneficiária, não vai embora facilmente. Menos de um mês após a reunião no Planalto, a PolÃcia Federal divulgou as explosivas anotações com que Marcelo Odebrecht incentivava seus advogados a encontrar uma maneira de fazer chegar a Dilma a informação de que as investigações sobre as contas da empreiteira na SuÃça bateriam nela.            Poucos polÃticos tiveram mais acesso do que DelcÃdio aos bastidores do mensalão e do petrolão. Poucos polÃticos conhecem tão bem como ele as entranhas da Petrobras, onde trabalhou e fez amigos. Poucos polÃticos têm tanto trânsito como ele nos gabinetes mais poderosos da polÃtica e da iniciativa privada. Até ser preso, DelcÃdio atuava como bombeiro, tentando reduzir os focos de tensão existentes para Lula, Dilma e o PT. Na condição de encarcerado, é uma testemunha decisiva. A possibilidade de ele colaborar com os investigadores está sob avaliação de sua famÃlia.