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ANIVERSÁRIO DE NASCIMENTO: Porque é importante saudar a memória de Dante de Oliveira

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Com o histórico recente de um ex-governador preso, Silval, e outro alvo de denúncias de corrupção, Blairo, vale a pena saudar a memória de Dante

Blogdoantero/uol

                 A data deste sábado, 6 de fevereiro, marca o dia de aniversário de nascimento de Dante de Oliveira, que foi ministro, deputado federal, prefeito de Cuiabá e governador de Mato Grosso.
Dante tem o nome marcado na história política do Brasil como o homem das Diretas, autor da emenda que foi símbolo da redemocratização do país.

Com o histórico recente de um ex-governador preso, Silval Barbosa (PMDB), e um ex-governador alvo de denúncias de corrupção, o atual senador Blairo Maggi (PR), vale a pena saudar a memória de Dante, um político que inspira o atual governador Pedro Taques (PSDB)

O Blog do Antero recupera aqui a trajetória biográfica de Dante:

 

Dante Martins de Oliveira cursou engenharia civil na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) nos anos 1970 e fez parte do Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8), dissidência do Partido Comunista Brasileiro (PCB).

Em 1976 retornou à cidade natal, onde se candidatou a vereador pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB), mas não conseguiu se eleger. Dois anos, entretanto, depois foi eleito deputado estadual, assumindo o mandato em fevereiro de 1979. Com a extinção do bipartidarismo, filiou-se ao Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB).

Assumiu o mandato de deputado federal em 1983. No país começava o processo de redemocratização. Porém, isso não incluía a modificação das normas do regime militar, que impunham eleição indireta para presidente da República, governadores de Estado, prefeitos de capitais e 1/3 do Senado Federal.

Diretas Já!

Em fevereiro de 1983, Dante apresentou projeto de emenda constitucional, que se tornaria conhecida com seu nome, propondo o restabelecimento da eleição direta em todos os níveis e marcando para 15 de novembro de 1984 a eleição para presidente da República.

A campanha pelas “Diretas Já” ganhou o apoio popular. A manifestação que começou em São Paulo foi seguida por comícios em quase todas as capitais brasileiras. No Rio de Janeiro, uma manifestação reuniu cerca de 1 milhão de participantes. Pouco depois, 1,7 milhão de pessoas compareceu ao vale do Anhangabaú, em São Paulo, na maior manifestação popular da história do país.

Na véspera da votação da emenda Dante de Oliveira, as principais cidades assistiram a “panelaços” a favor das Diretas Já. Todavia, a proposta foi derrotada em 25 de abril, por não ter atingido o quórum para que fosse enviada à apreciação do Senado. Contaram-se 298 votos a favor, 65 contra e três abstenções e deixaram de comparecer à sessão 112 deputados.

No Colégio Eleitoral, reunido em 15 de janeiro de 1985, os militares foram derrotados com a eleição de Tancredo Neves, mas este não chegou a ser empossado na presidência: faleceu em 21 de abril de 1985. Assumiu o vice José Sarney.

Dante sim, Dante já

Em junho de 1985, Dante licenciou-se da Câmara para dedicar-se à campanha para a prefeitura de Cuiabá, conquistando a vitória numa eleição histórica que mobilizou e emocionou os cuiabanos com a música “Dante sim, Dante já”, um marco sonoro da produção de comunicação política. Eleito, tomou posse em janeiro de 1986 e, em maio, convidado pelo presidente José Sarney, assumiu o Ministério da Reforma e do Desenvolvimento Agrário, do qual saiu um ano e meio depois, por apoiar a redução do mandato presidencial para quatro anos (eram cinco na época).

Dante reassumiu o mandato de prefeito de Cuiabá e enfrentou uma grave crise financeira, com salários dos funcionários atrasados. Em fevereiro de 1990, desligou-se do PMDB e ingressou no PDT. Em outubro de 1992, foi eleito novamente prefeito de Cuiabá. Em maio de 1994, Dante disputou o governo do Estado, apoiado por uma ampla aliança. Dante teve sucesso na eleição, desligando-se no meio de mandato de prefeito, porque tinha patrimônio político reconhecido até pelos adversários e porque a população cuiabano enxergou o óbvio: o filho da terra no comando do governo poderia fazer muito mais pela sua querida Cuiabá. E foi assim durante o seu mandato de governador, sempre atuando para fazer avançar as mudanças sociais, culturais e econômicas da Capital. O símbolo da gestão Dante em Cuiabá é o Parque Mãe Bonifácia.

Dante encontrou a administração estadual praticamente falida deixada pelo seu antecessor, Jayme Campos (DEM).

A maldade de Blairo

Em janeiro de 1997, a Executiva Nacional do PDT anunciou que solicitaria a expulsão de Dante, em razão do apoio do governador à reeleição para os cargos do executivo. Antes que fosse implementada qualquer medida punitiva, Dante filiou-se ao PSDB. Disputou com sucesso a reeleição em outubro de 1998, por uma coligação formada por PSDB, PSB, PMN e PV, que elegeu para o Senado o ex-verador e ex-deputado federal Antero Paes de Barros.

Dante deixou o governo com 83% de aprovação popular, mas enfrentou enorme resistência da mídia e o desgaste natural após oito anos de mandato, perdeu e eleição para o Senado em 2002, com uma campanha eleitoral que comentou dois erros básicos da política, atitude que sempre foi condenada por Dante na sua trajetória: o já ganhou e a falta de organização. 
Denúncias armadas pelos adversários, comandadas pelo principal líder da sua oposição, Blairo Maggi, abalaram sua credibilidade. Dante de Oliveira, que era diabético, faleceu aos 54 anos em virtude das complicações de uma pneumonia.
Blairo Maggi inventou a denúncia falsa da Caixa Preta. Numa atitude pusilânime pediu desculpas, em particular, à mãe de Dante, mas nunca teve a coragem de se desculpar publicamente pela maldade cometida contra o filho de dona Maria e do doutor Paraná e também à sociedade de Mato Grosso, porque a armação montada foi para enganar a todos por um tempo necessário para ganhar a eleição.
Ficou provado que Auditoria Geral do Estado do governo Blairo Maggi manipulou os números das contas do governo Dante.

Dante, estadista

A Caixa-Preta nunca existiu. Dante morreu com essa mágoa e a população sem a oportunidade de fazer justiça ao estadista e ao político que marcou uma era de gestão voltada para as ações sociais e para a eficiência do Estado.
Dante estimulou as cadeias produtivas do algodão e da carne, percorreu o Brasil, Estados Unidos e Europa vendendo o potencial econômico e buscando parceiros para investimentos em Mato Grosso. Foi um período de autoestima para a imagem do Estado.

Casado com a ex-deputada federal Thelma de Oliveira (PSDB), não deixou filhos. Thelma hoje é candidata a candidata à prefeitura de Chapada dos Guimarães.
Exatamente pelo sentido inverso, é que, na mesma medida, a população de Mato Grosso não pode esquecer de Silval e Blairo como não pode deixar de lembrar de Dante.

(Da Redação com UOL arquivo)