
Por Sub Ten Cruz.
O trágico cenário que se desenha hoje no Rio de Janeiro não é um acidente. É o resultado previsível — e talvez intencional — de uma política ideológica que, em nome de discursos “humanitários”, enfraqueceu o Estado, diminuiu o poder de polícia e fortaleceu o crime organizado.
O que vivemos não é apenas uma crise de segurança: é uma crise moral e institucional, alimentada por decisões políticas que ignoram o conhecimento técnico e tratam a criminalidade como questão filosófica, e não como ameaça à vida de milhões de brasileiros.
As ações de segurança pública, hoje, estão reféns de decisões judiciais e políticas contaminadas por convicções ideológicas. Em vez de fortalecer as instituições, cria-se um ambiente de impunidade e desconfiança.
A cronologia dos últimos meses é reveladora:
Fevereiro de 2025: o ministro Edson Fachin vota pela manutenção das restrições a operações policiais nos morros do Rio de Janeiro — um freio que beneficia, na prática, o tráfico de drogas.
Março de 2025: o ministro Ricardo Lewandowski afirma que “a polícia prende mal e o Judiciário é obrigado a soltar”. O dado concreto: em 2024, o STJ concedeu 9 mil habeas corpus a traficantes, e o STF, outros 577.
Abril de 2025: o ministro Flávio Dino declara que “o crime não está nos morros, mas no asfalto”.
Maio de 2025: o governo Lula nega pedido dos Estados Unidos para reconhecer PCC e Comando Vermelho como organizações terroristas.
Outubro de 2025: o presidente Lula diz que “os traficantes são vítimas dos usuários” — às vésperas de se reunir com Donald Trump, que trava guerra aberta contra o narcotráfico latino-americano.
Hoje: o governador Cláudio Castro (PL) acusa o governo federal de omissão e descaso diante do caos que tomou conta da segurança pública fluminense.
Agora, em meio a esse cenário de insegurança crescente, surge a chamada PEC da Segurança Pública, uma proposta defendida pelo ministro Ricardo Lewandowski que, sob o pretexto de “coordenação nacional”, busca centralizar no governo federal o comando e o planejamento das ações policiais estaduais.
O que parece ser uma medida de integração pode se tornar um instrumento de controle político das polícias. Em vez de fortalecer os Estados, enfraquece sua autonomia e abre caminho para o uso ideológico das forças de segurança.
O Brasil já é refém do crime organizado. Mas, com essa proposta, corre o risco de se tornar refém também de um projeto político que instrumentaliza a segurança pública para consolidar poder.
O discurso de “unificação” é bonito no papel, mas na prática é um engodo: retira poder das polícias, paralisa ações estratégicas e entrega mais espaço para o narcotráfico se expandir.
Enquanto isso, nas favelas e nas periferias, quem paga o preço é o cidadão comum, que vive sitiado pelo medo e pela omissão do Estado.
A PEC da Segurança Pública, se aprovada nos moldes atuais, representará o golpe final nas forças estaduais de segurança pública e o maior presente que o crime organizado poderia receber.







