Absorventes sustentáveis ajudam meninas africanas a ficarem na escola
Uma em cada 10 meninas africanas não vai à escola durante menstruação.
Iniciativas sociais têm desenvolvido absorventes para evitar situação.

Sue Barnes nunca teve problemas para conseguir absorventes higiênicos enquanto crescia na Ãfrica do Sul. Mas nem toda garota – ela percebeu depois – tinha tanta sorte quanto ela e o simples fato de menstruar tornava suas vidas cotidianas mais difÃceis.
Em 2010, Sue descobriu que garotas de famÃlias pobres estavam faltando na escola a cada menstruação porque não podiam comprar absorventes. “As garotas estavam perdendo uma semana de escola por mês”, diz Sue, de 49 anos.
Desde então, ela começou a se dedicar à causa de que nenhuma garota sul-africana tenha que perder aulas por causa da menstruação. Sue, que antes trabalhava na indústria de roupas, desenvolveu um kit reutilizável de absorventes e calcinhas.

Por US$ 16, é possÃvel comprar um kit com três calcinhas e nove absorventes reutilizáveis. Os produtos são consideravelmente mais baratos do que os absorventes vendidos nas farmácia, pois podem ser usados durante anos.
 
- Na Ãfrica do Sul, um pacote com 10 absorventes descartáveis é vendido por US$ 1,80. É um valor muito alto para o salário de US$ 183 mensais recebido pelo trabalhador negro médio no paÃs.
“As garotas estavam usando areia, folhas, plástico e jornal para conter o sangue”, diz Sue. Agora, ela está fabricando absorventes reutilizáveis e calcinhas para distribuir em escolas de Lesotho e Swazilândia.
Os absorventes são laváveis e se encaixam nas calcinhas com clipes. Duram aproximadamente cinco anos. Sue arrecada doações por meio de sua ONG “Project Dignity” (Projeto Dignidade) e fabrica kits para serem distribuÃdos nas escolas. “Minha visão é que todas as meninas recebam educação. Não apenas isso, mas dar a elas dignidade e respeito próprio”, diz.
Problema em toda a Ãfrica

O problema menstrual ocorre em vários paÃses. A Unicef estima que 1 a cada 10 meninas africanas deixa e frequentar a escola durante o perÃodo menstrual. Mas, em alguns paÃses, como a Uganda, esse número é estimado em 60%.
Mas pessoas como Sue estão começando a fazer a diferença, liderando iniciativas pelo continente para ajudar as garotas a permanecerem na escola ao fornecer absorventes higiênicos.
A entidade African Water Facility anunciou, em fevereiro, que vai dar US$ 1 milhão para ajudar a melhorar a higiene menstrual na provÃncia de Eastern Cape, na Ãfrica do Sul. O objetivo é melhorar a frequência na escola, com “atenção particular à s necessidades das meninas”.
Fibra do caule da banana
No Quênia, o empreendedor Barlay Paul Okari está produzindo absorventes baratos e reutilizáveis para o mercado da áfrica oriental. Em Ruanda, a ONG Sustainable Health Enterprises (SHE) está produzindo absorventes baratos com o uso da fibra do caule da banana.
O governo da Uganda, enquanto isso, ordenou que as escolas forneçam o que eles chamam de “absorventes de emergência”, além de uniformes extras, calcinhas e analgésicos para as garotas menstruadas. Mas sem dinheiro para pagar pelos Ãtens, os administradores das escolas dizem que não podem seguir a recomendação.

Apesar de ser a economia mais desenvolvida da Ãfrica, a Ãfrica do Sul ainda tem dificuldade de fornecer serviços básicos para suas escolas. Em 2011, o presidente Jacob Zuma prometeu absorventes gratuitos para mulheres de baixa renda. Mas professores na ativa dizem que o governo não cumpre a promessa.
Todo mês, a professora Florence Radebe vê várias garotas faltarem nas aulas porque estão menstruadas. É a mesma situação observada pelo professor Moses Odongo, na Uganda.
A estudante Violet Nalubyayi, de 14 anos, da Uganda, lembra de sua primeira menstruação, no ano passado, quando ela faltou da escola por cinco dias. Sem poder comprar absorventes, ela tinha medo de ser humilhada na frente de seus colegas. Usando um trapo velho para conter o sangue, ela temia que um vazamento de sangue fizesse seus colegas rirem dela.
A professora Florence Radebe ficou feliz quando soube que os kits produzidos por Sue seriam distribuÃdos na escola onde ela leciona. “Eles farão eu me sentir muito mais confortável, e é muito mais barato”, disse Mbali Nhlapo, garota de 15 anos que recebeu um dos kits.