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França registra “graves” reações em escolas após atentados

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Ministério da Educação do país registrou cerca de 200 incidentes envolvendo casos como desobediência a minutos de silêncio

Pessoas fazem homenagem em frente ao jornal semanal de sátiras Charlie Hebdo, em Paris

Foto: Pascal Rossignol / Reuters

Reações de estudantes que não obedeceram minutos de silêncio em escolas após os atentados terroristas e outros casos de indisciplina preocupam o governo da França. O Ministério da Educação francês registrou cerca de 200 incidentes, sendo que encaminhou 40 para a polícia, por considerá-los graves.

“Os incidentes ocorreram, eles são numerosos, graves e devem ser tratados como tal”, disse a ministra da Educação, Najat Vallaud-Belkacem, a deputados franceses ontem. Para a ministra, os casos devem ganhar respostas imediatas, como diálogo com os estudantes ou sanções.

A resistência de estudantes para fazer o minuto de silêncio, observado na última quinta-feira, foi o principal caso constatado em escolas. Mas alguns episódios graves chegaram a ser vistos como apologia ao terrorismo.

Um professor de inglês que leciona na periferia oeste de Paris disse ao Terra que sua escola, onde tem alunos de 11 a 15 anos “às vezes violentos e imprevisíveis”, optou por não realizar o minuto de silêncio para evitar problemas.

“Na aula, os alunos fazem muitas questões: eles querem entender o que aconteceu. Eles querem saber a razão das mortes, mas também por que o Charlie Hebdo continuou a desenhar depois das ameaças. Eles querem saber por que fazer minuto de silêncio para Charlie Hebdo e não fazer para a Nigéria atacada pelo Boko Haram, por exemplo”, relatou o professor, que mantém um blog sob o pseudônimo “Monsieur Le Prof” e prefere manter o anonimato.

De acordo com o professor, os contrários à publicação satírica não são maioria. “Os atentados não dividiram os alunos, mesmo que eles não entrem num consenso. Em uma aula, dois ou três de 28 não sustentavam o Charlie Hebdo: eles acreditavam que “O Profeta” não poderia ser desenhado, que é “blasfêmia” e que deveria ser proibido”, relatou.“É muito difícil fazer eles entenderem a razão, já que a fé deles sempre parece mais forte. Alguns inclusive me disseram que as leis do Alcorão são superiores que as da França. Evidentemente, temos que colocar na cabeça que são adolescentes, mas o fato de eles falarem isso mostra que, nesta idade, já foram colocadas na cabeça deles ideias bastante extremas”, concluiu.

Terra