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Juliana Marins morreu após a queda no vulcão da Indonésia; autópsia descarta fome e frio

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Relatório aponta que Juliana Marins morreu rapidamente após sofrer graves ferimentos internos causados por uma queda no Monte Rinjani; não houve sinais de hipotermia ou morte por inanição.

Joice Gonçalves

A autópsia realizada no corpo da brasileira Juliana Marins confirmou que ela morreu em decorrência de um trauma contundente causado pela queda durante a escalada do Monte Rinjani, segundo maior vulcão da Indonésia.

Juliana Marins
Corpo de Juliana foi encontrado na terça-feira, em um vulcão na Indonésia (Foto: Skyseeker/Flickr/Creative Commons)

O laudo, divulgado nesta sexta-feira (27), aponta danos internos graves e hemorragia como causas imediatas da morte descartando hipóteses como hipotermia ou ausência de comida, conforme a BBC News.

De acordo com o médico legista Ida Bagus Alit, que conduziu o exame no Hospital Bali Mandara, Juliana apresentava fraturas no tórax, ombro, coluna e coxa, além de múltiplas escoriações. Essas fraturas resultaram em lesões internas significativas.

“A principal causa da morte foram os ferimentos na caixa torácica e nas costas. Houve sangramento significativo, mas sem sinais de que esse sangramento tenha sido lento. Isso indica que ela morreu pouco tempo após a queda”, explicou o legista.

O especialista também ressaltou que não havia indícios de hipotermia: nenhum dos ferimentos observados eram compatíveis com esse tipo de quadro clínico, como lesões típicas nas extremidades do corpo. Da mesma forma, não foram encontrados sinais de que a jovem tenha sobrevivido por muito tempo após o acidente, o que também afasta a possibilidade de morte por fome ou sede.

Juliana caiu no sábado (21), e seu corpo só foi localizado na quarta-feira (25), após dias de buscas dificultadas pelo mau tempo e pelo terreno instável da região vulcânica.

Por não haver peritos na província onde o acidente aconteceu, o corpo precisou ser transportado por várias horas até Bali, dentro de um freezer. Isso dificultou uma estimativa precisa sobre o horário da morte, mas os médicos acreditam que ela tenha falecido cerca de 20 minutos após o impacto.

A queda

Juliana Marins, natural de Niterói (RJ), fazia um mochilão sozinha pela Ásia desde o início do ano. Ela já havia visitado países como Filipinas, Vietnã e Tailândia. Na Indonésia, contratou uma empresa local de turismo para realizar a trilha do Monte Rinjani, que tem 3.726 metros de altitude.

O acidente aconteceu na madrugada do último sábado (21), horário local – ainda sexta-feira (20) no Brasil. Segundo a família, Juliana integrava um grupo com cinco turistas e um guia. Ela teria dito que estava cansada e, após ser deixada para trás, tentou seguir sozinha, momento em que caiu de um penhasco.

Brasileira que caiu em trilha foi localizada por drones, mas o resgate vem enfrentando dificuldades devido à neblina densa e ao terreno acidentado. (Foto: Reprodução)
Brasileira que caiu em trilha foi localizada por drones, mas o resgate enfrentou dificuldades devido à neblina densa e ao terreno acidentado. (Foto: Reprodução)

Ela foi localizada cerca de 3 horas depois com o auxílio de um drone utilizado por turistas que passavam pela trilha. As imagens compartilhadas nas redes sociais, ajudaram a família a confirmar a localização da jovem.

Desde então, Juliana ficou isolada em uma região rochosa e íngreme, a 300 metros abaixo da trilha principal.

Juliana Marins chegou a deslizar mais ainda e ficou a aproximadamente 600 metros abaixo da trilha, cerca de 2 km do cume da montanha, que chega a 3.726 metros de altitude.

Imagens divulgadas pela BBC Indonésia revelam a dimensão da ribanceira em que a brasileira Juliana Marins,caiu durante a trilha no Monte Rinjani.

Imagens mostram o ponto onde o corpo de Juliana foi encontrado. (Foto: Reprodução/ BBC Indonésia)
Imagens mostram o ponto onde o corpo de Juliana foi encontrado. (Foto: Reprodução/ BBC Indonésia)

“Hoje [terça-feira], a equipe de resgate conseguiu chegar até o local onde Juliana Marins estava. Com imensa tristeza, informamos que ela não resistiu. Seguimos muito gratos por todas as orações, mensagens de carinho e apoio que temos recebido”, disse.

Um infográfico divulgado pelo Fantástico e reproduzido pelo g1 ajuda a visualizar a dimensão do acidente: Juliana deslizou por uma encosta que equivale a quase a altura de um Corcovado inteiro — o famoso ponto turístico do Rio de Janeiro tem 710 metros de altitude. (Veja abaixo)

Juliana deslizou por uma encosta que equivale a quase a altura de um Corcovado inteiro. (Infográfico: Reprodução/ Fantástico/ g1)
Juliana deslizou por uma encosta que equivale a quase a altura de um Corcovado inteiro. (Infográfico: Reprodução/ Fantástico/ g1)

Resgate

As buscas para localizar Juliana duraram quatro dias. Na terça-feira (24), as equipes de resgate haviam retomado as operações para tentar salvar a brasileira no entanto, encontraram o corpo da publicitária abaixo de uma parede íngreme, em uma fenda rochosa de difícil acesso.

Ao todo, 48 socorristas foram mobilizados pela manhã, com apoio de três equipes em campo e dois helicópteros que permaneciam de prontidão, aguardando condições favoráveis para decolagem.

No entanto, alcançaram Juliana apenas no dia 25 de junho, e ela já estava morta.