Passo com frequência pela paulistana Praça Oswaldo Cruz, região central da cidade, onde começa a Av. Paulista, e sempre noto ali a presença de um engraxate, que acrescenta a seu honrado ofÃcio uma inegável nota de pitoresco.
              Apesar de a praça ter sido invadida ultimamente pelos camelôs do Haddad, barraquinhas improvisadas vendendo tudo e mais alguma coisa, incluindo churros, picanhas, refrigerantes e o que mais se queira, o interessante engraxate ali permanece em busca de ganhar honestamente o seu pão de cada dia.
         Antes da invasão da praça promovida pelo Prefeito, ele se instalava todas as tardes junto a um canteiro coberto de vegetação, onde exercia seu humilde mas digno ofÃcio à vista de todos.
          Está ele ali à s tardes, acompanhado da caracterÃstica cadeira elevada, para os fregueses; posiciona adequadamente sua caixa de engraxar e estende um pano, já enegrecido pelo uso, sobre o qual esparrama considerável número de sapatos, chinelos, botas e outros que tais, como a indicar um trabalho afanoso que o aguarda.
            De LuÃs XIV ao “rei do brilho†há um abismo. Mas sobre esse abismo a Igreja e a civilização cristã lançaram uma ponte de comunicação, feita de caridade, de compreensão, de afabilidade e de apoio. A Revolução igualitária busca destruir essa ponte para reduzir tudo a uma infame luta de classes, baseada no ódio.
             O meu amigo engraxate não se deixou picar pela mosca venenosa desse ódio. É o que nele mais admiro.Â