
           Um passageiro, que preferiu se identificar ao Olhar Direto apenas como Bruno, contou ter começado a se sentir inseguro quando o piloto da aeronave – um Boeing 737-700 com capacidade para 144 passageiros e seis tripulantes – não conseguiu explicar direito aos viajantes o motivo da primeira arremetida no aeroporto de várzea-grandense.
         O piloto ainda tentou aterrissar em Cuiabá mais uma vez, teve de realizar outra arremetida e então seguiram para o aeroporto de Campo Grande (MS). Chegaram no local às 19h40. Todos os passageiros precisaram ficar no avião, que reabasteceu e retornou para Cuiabá para tentar um novo pouso e novamente precisou arremeter. Depois da tentativa frustrada, o piloto se manteve na área aérea cuiabana para tentar nova aterrissagem, quando aconteceram alguns dos momentos de maior tensão.
         “Pensamos que a Gol não colocaria nossa vida em risco, mas à s 20h voltamos para Cuiabá, tentamos pousar mais uma vez, não conseguiu. Caiu raio no avião. Pessoas passaram mal, vomitar. Tinha adolescentes, pessoas de muita idade. Pessoas chorando, pessoas ouvindo musica religiosa e outras fazendo oração com medo do avião cair. E o avião ficou rodando em Cuiabá. Estava todo mundo muito nervosoâ€, disse Bruno.
        De acordo com o editor chefe do Olhar Direto, jornalista Lucas Bólico, que também estava no voo, o avião voltou a aterrissar em Campo Grande após às 22h30. Dessa vez os passageiros foram liberados para desembarcar, mas a equipe da Gol não tinha informações concretas sobre o que fariam.
        Depois de 40 minutos de indecisão, afirmaram que não ia ter como hospedar ninguém na cidade e que todos teriam de reembarcar para nova tentativa de aterrissagem. Contudo, precisariam trocar a tripulação, pois aquela já havia passado do tempo de trabalho permitido por lei.
          E como o restaurante conveniado com a Gol não estava servindo alimento, somente depois da meia-noite algo para comer foi dado aos passageiros, o kit de emergência: uma pacote de amendoim de 30 gramas. Então, depois de esperar até 1 da manhã, os passageiros remarcaram. Nesse momento, uma mulher passou mal e precisou ser levada de ambulância para atendimento.
        Quando conseguiram pousar em Cuiabá, com oito horas de atraso, 10 horas após ter decolado de Guarulhos, os passageiros receberam um vale de R$ 25 que somente poderia ser consumido na loja do aeroporto do Rei do Mate. “Eles fizeram de tudo para não ter que pagar hospedagem. Só pensaram em economizar o dinheiro deles e não se importaram com os passageiros”, disse Bruno.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec),  por mais que a chuva ou o mau tempo não sejam culpa da empresa aérea, ela não pode deixar de prestar assistência material e informar devidamente o tempo de atraso do voo ou do cancelamento. Caso o consumidor precise adiar seu retorno ao local de origem por motivo de atraso ou cancelamento, a empresa deve arcar com as despesas do passageiro como transporte, hospedagem e alimentação.
 Além do voo 2056 da Gol, um voo da Azul Linhas Aéreas teve um atraso de aproximadamente uma hora. Mais três voos que partiriam de Cuiabá foram cancelados devido ao mau tempo. Procurada pela equipe do Olhar Direto, a Gol Linhas Aéreas enviou uma nota para explicar o ocorrido:
A GOL esclarece que devido as fortes chuvas em Cuiabá na noite do dia 21 de novembro de 2014, o voo G3 2056 (São Paulo/ Cuiabá) alternou o seu pouso para o aeroporto de Campo Grande. Esta é uma medida que visa, prioritariamente, garantir a segurança de todos. Em Campo Grande a companhia não mediu esforços para minimizar o desconforto dos passageiros. Foram realizadas varias tentativas para melhor acomodar os clientes mas, infelizmente, não houve disponibilidade de hotéis na região. A GOL reforça que promoveu todas as ações necessárias e só retornou ao destino final na condição total de segurança aos clientes.