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Polícia Federal cumpre mandado de busca no apartamento de Blairo Maggi em Brasília

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Policiais fazem diligências em 64 endereços de DF, SP e MT. Ex-governador afirmou, em delação, que ministro atuou em esquema de corrupção. G1 ainda não localizou assessoria de Blairo.

Por Camila Bomfim, Tv Globo Brasília

PF faz buscas no apartamento do ministro Blairo Maggi

PF faz buscas no apartamento do ministro Blairo Maggi

               A Polícia Federal (PF) cumpriu na manhã desta quinta-feira (14) mandado de busca e apreensão no apartamento ex-governador de Mato Grosso e atual ministro da Agricultura, Blairo Maggi (PP), na Asa Sul, zona nobre de Brasília. Policiais federais também fizeram diligências em São Paulo e Mato Grosso.

              Os mandados de busca fazem parte da Operação Malebolge, 12ª fase da Ararath, que desmantelou um esquema de corrupção em Mato Grosso. Em delação premiada, o ex-governador Silval Barbosa (PMDB) acusou Blairo Maggi de pagar para uma testemunha mudar seu depoimento (veja mais detalhes abaixo).

             As ordens judiciais foram expedidas pelo ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), a pedido da Procuradoria Geral da República (PGR). Para Fux, há indícios de obstrução de justiça e formação de organização criminosa. Leia a decisão na íntegra.

A assessoria de Blairo no Ministério da Agricultura informou ao G1 que só irá se manifestar sobre as buscas em endereços do ministro por meio de nota que deve ser divulgada no final da manhã desta quinta.

 

Mandados judiciais

 

Ao todo, estão sendo cumpridos mandados em 64 endereços, em dois estados e na capital federal. Em Mato Grosso, há diligências em nove municípios: Cuiabá, Rondonópolis, Primavera do Leste, Araputanga, Pontes e Lacerda, Tangará da Serra, Juara, Sorriso e Sinop.

Segundo a assessoria da PF, há 270 policiais federais e procuradores da República envolvidos na operação desta quinta.

Foram feitas buscas na casa e do prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (PMDB), e na Prefeitura de Cuiabá. Emanuel foi flagrado em um vídeo gravado na sala do então chefe de gabinete de Silval Barbosa enchendo os bolsos do palitó de dinheiro, deixando até cair no chão. Ele, em seguida, se agacha e junta os maços de dinheiro (veja o vídeo abaixo).

Vídeos mostram políticos recebendo dinheiro vivo no governo de MT

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 Policiais também cumpriram mandados no gabinete do deputado federal Ezequiel Fonseca (PP-MT) na Câmara.

Agentes estiveram ainda nos gabinetes dos deputados estaduais de Mato Grosso Gilmar Fabris (PSD), Silvano Amaral (PMDB), Oscar Bezerra (PSB), Wagner Ramos (PSD), Ondanir Bortolini (PSD), conhecido como Nininho, e Romoaldo Júnior (PMDB).

O ministro do STF determinou o afastamento de conselheiros do Tribunal de Contas do Mato Grosso. Carros da PF estiveram no tribunal nesta manhã.

Ex-governador do MT acusa ministro da Agricultura de Temer de corrupção

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A colaboração premiada de Silval Barbosa foi homologada, em agosto, pelo ministro Luiz Fux, do STF. Na delação, Silval contou à PGR como funcionava o esquema de corrupção no governo de Mato Grosso. O delator foi vice-governador no segundo mandato de Blairo – de 2007 a 2010. Em 2010, Silval assumiu o governo mato-grossense, quando Blairo Maggi saiu do Executivo estadual para concorrer ao Senado. No mesmo ano, o delator foi reeleito.

Silval relatou ao Ministério Público Federal que o senador Cidinho Santos (PR-MT) prometeu ajuda de Blairo, do atual governador de Mato Grosso, Pedro Taques (PSDB), e do senador Wellington Fagundes (PR-MT) para que ele não fizesse delação premiada. O acordo acabou sendo feito e foi homologado pela Justiça.

Segundo o ex-governador, Maggi também pagou R$ 3 milhões ao ex-secretário de Fazenda de Mato Grosso Eder Moraes, para que ele mudasse um depoimento. Silval teria pagado outros R$ 3 milhões a Eder. Após a divulgação da delação, o ministro disse que jamais autorizou atos ilícitos ou ações para obstruir a justiça.

 

Silval Barbosa foi preso exatamente há dois anos, em 14 de setembro de 2015, acusado de recebimento de propina na distribuição de incentivos fiscais. Ele permaneceu quase dois anos na cadeia, mas foi autorizado a ficar preso em regime domiciliar em junho deste ano.

 Lava Jato

 Blairo Maggi também é investigado na Operação Lava Jato por suposto recebimento de R$ 12 milhões em sua campanha à reeleição, em 2006, com base em relatos de delatores da construtora Odebrecht. O governo Temer tem dez ministros investigados no Supremo.