
Roger Godwin
Numa recente declaração pública o secretário-geral das Nações Unidas, Ban-Kimoon, traçou como meta o meio do ano de 2015 para as Nações Unidas declararem o fim da epidemia do vÃrus ébola.
              Esta declaração, que muitos aceitaram com algum cepticismo, responde aos esforços conjuntos que estão a ser feitos numa série de paÃses e organizações nacionais e internacionais que, conjuntamente, não têm olhado a esforços para que o objectivo do secretário-geral das Nações Unidas venha a ser cumprido.
Apenas na Guiné-Conacri, Serra leoa e Libéria morreram, até ao momento, cerca de 5.500 pessoas vÃtimas desse flagelo que também provocou mortes na Nigéria, Mali, Espanha e Estados Unidos, entre outros paÃses.
No Mali, recentemente, foi detectado um número anormal de pessoas infectadas com oébola, o que colocou o paÃs no centro de todas as atenções e preocupações da comunidade médica internacional.
Mas, em contrapartida, a Libéria prepara-se para anunciar que está livre deste vÃrus, tendo mesmo marcado a data de 29 de Novembro para o anunciar publicamente,caso até lá não seja detectado mais nenhum paciente vÃtima dessa doença.
São, efectivamente, boas notÃcias que resultam de uma série de medidas adoptadas a nÃvel mundial e que se centraram, para a sua execução, nos paÃses mais afectados pela doença.
A solidariedade que a Guiné-Conacri, a Serra Leoa e a Libéria sentiram por parte da comunidade internacional foi o reflexo da consciência que o mundo teve da perigosidade da doença e dos seus efeitos devastadores nas respectivas sociedades.
A Libéria, por exemplo, que agora se prepara para anunciar que está livre da doença, adoptou medidas drásticas que, na altura, chegaram mesmo a ser alvo de algumas crÃticas da parte de pessoas e organizações que não tinham a noção daquilo que estava verdadeiramente em perigo.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) tem sido cautelosa em relação ao que se passa na Libéria, mas a verdade é que a sua representação em Monróvia tem elogiado os esforços do Governo e confirmou a possibilidade de se estar muito perto do êxito total na luta contra a doença.
A evolução desta epidemia começou a reverter-se quando em Março deste ano a Organização Mundial de Saúde autorizou a utilização, primeiro a tÃtulo experimental e voluntário, de um vacina que havia sido fabricada por uma farmacêutica britânica que disse ter investido nesse projecto cerca de 325 milhões de dólares.
Depois desta, outras vacinas surgiram no mercado e foram enviadas para paÃses onde a esperança de êxito nesta luta começava a esmorecer e que já nada tinham a perder.
Pelo meio, algum preconceito fez com que o êxito fosse encarado, primeiro com alguma suspeita e, depois, foi usado como arma de arremesso contra alguns governos que foram acusados de estar conluiados com essas farmacêuticas para assim obterem dividendos financeiros à custa da saúde e das vidas do seu próprio povo.
Outra das acções que muito contribuiu para reverter a situação foi a circulação aberta de informação, tendo, para isso, sido usados todos os meios disponÃveis para que todos pudessem saber o que de positivo estava a ser feito e quais as descobertas que melhor serviriam para evitar a propagação da doença.
Neste aspecto, foi preciosa a colaboração das principais empresas operadoras de telefone móvel que, gratuitamente, se multiplicaram no envio de mensagens alertando as pessoas sobre quais as melhores práticas a utilizar para evitar a propagação do ébola. Em estreita colaboração com a comunidade médica, essas operadoras enviaram uma série de conselhos que em muito ajudaram as populações a precaver-se de modo a evitar o contágio.
Um dos problemas com que os especialistas se debateram para obter mais rapidamente o êxito no combate à doença foi o da ignorância das pessoas inicialmente afectadas, a maior parte delas a viverem em zonas remotas dos respectivos paÃses.
Essa natural ignorância misturada com alguns hábitos culturais e alimentares apenas começou a ser revertida com massivas campanhas de sensibilização e de assistência que vitimaram alguns dos voluntários que se disponibilizaram para ajudar os depauperados serviços de saúde de paÃses como a Guiné-Conacri, Libéria e Serra Leoa.
Essa mesma ignorância também foi culpada pela adopção de algumas medidas adoptadas por organizações regionais e internacionais que discriminaram paÃses que, veio-se depois a provar, não constituÃam um verdadeiro perigo para a saúde pública.
O caso mais mediático dessa discriminação terá sido o impedimento de Marrocos poder organização o Campeonato Africano de Futebol (CAN), quando o paÃs, nem de perto, figura na “lista negra†das vÃtimas do ébola.
É importante, contudo, que os paÃses até agora mais afectados pela doença não diminuam os esforços que estão a fazer no sentido de reverter uma situação que chegou a ser desesperada, mas que ainda não está totalmente revertida.
Será bom reter a ideia de que, apesar dos êxitos referidos, existem paÃses, como o Mali, que só agora sentem os efeitos da doença e para os quais deve ser dado todo o apoio, de modo a que não sofram o que outros já sofreram.
Se dia 29 de Novembro a Libéria confirmar estar livre do ébola, então, sim, pode começar-se a festejar o inÃcio do fim de um grande pesadelo.
Postada por JL Pindado Verdugo








