sexta-feira, 22/11/2024
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A DIFÍCIL TAREFA DE PERDER

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                 Perder: esse verbo devia ser eliminado dos dicionários. Não tem coisa mais difícil de lidar, do que a tal da perda.
E no entanto todos nós sabemos que a vida é um misto de perdas e ganhos.
                  Quando ganhamos, é fácil! A excitação toma conta de nós por dentro e por fora, e a gente quer o mundo aos nossos pés para ouvir as novidades, para saber que estamos “por cima”, “em alta”. 
O mundo todo aos pés, geralmente não conseguimos, mas uma revista, um jornal, alguém tem que publicar a nossa felicidade, ara se tem! E tudo é festa.
Mas quando perdemos… ah moço, aí a coisa se complica!
                          Para começar, precisamos de um “bode expiatório”. Sim, porque alguém, tem sempre que “pagar o pato” pelas nossas perdas.
                         Perder e deixar por isso mesmo? Sem acusar ninguém, sem mandar alguém para o tronco? Nem pensar!
Se eu perdi, alguém é culpado e ponto final.
                        Mas não é bem assim, não é mesmo? Não me ocorre que eu posso ter perdido por falta de sorte, por desígnios de Deus ou até mesmo, por falha minha. Porque não tenho prestado atenção no outro e tenho deixado que o vento me leve à revelia, sem parar para analisar se o lado que o vento está me levando, é o lado que me interessa…?
Não me ocorre que posso ter perdido por falta de atenção, por ficar o dia inteiro colada no computador sem ver o resto dos giros do mundo à minha volta… e por aí vai.
E de repente eu descubro: cheguei aonde não queria! Epa, esse não é o meu porto!
E em vez de recomeçar serenamente… virar o barco e velejar de novo, desço e encho as duas mãos de pedras para atirar… só preciso decidir quem vai ser o alvo… aquela juiza safada, a funcionária do INSS ou a concubina mesmo, que acredita estar lutando por seus direitos?
Que triste… e mais triste ainda, é não perceber o quanto estou sendo ridícula, acusando os outros da minha própria incompetência. Não percebo que os outros, principalmente os que não são alvos da minha ira, que eles são inteligentes, observam, pensam, deduzem, tiram conclusões… não percebo que não sou a mais esperta do mundo. O raio do resto do mundo também é esperto. Que “porre”!
Pois é… gosto dos temas que eu domino. Sou uma perdedora nata!
E a cada nova perda, faço um esforço sobre-humano para não acusar ninguém… às vezes consigo, outras vezes nem tanto… mas se me virem acusando alguém de alguma perda minha, está dada a autorização: desmintam-me!
Ninguém é culpado das nossas perdas, a não ser nós mesmos. E nem sempre, quando perdemos, alguém ganha. Vez ou outra, todos perdemos… muito ou pouco, mas a perda é rateada entre todos os envolvidos.
Portanto, diante da perda, o melhor que se faz é, como dizia minha saudosa avozinha: “enfiar o rabo entre as pernas e meter o pé na estrada”, de cabeça baixa.
De nada adianta esbravejar, xingar, caluniar… melhor mesmo é calar. Nada é mais reconfortante nem mais inteligente do que o silêncio, depois de uma perda.
O meu direito termina, onde começa o direito do outro… velho isso, não é? Mas é a verdade mais “chata” que eu conheço! E é inegável que é verdade.
Que bom se só o direito dos outros estivesse sujeito a limites… que bom se o meu egoísmo agigantasse o meu direito.
Mas não é assim também… goste ou não, sou obrigada a admitir: Todos temos direitos iguais.
E se eu tiver direito de ofender, magoar, caluniar alguém porque perdi, o direito da outra pessoa é igual, e o mundo se transformará numa pancadaria geral, e acabarão as poesias, as alegrias, o bem estar… a paz.
E ninguém tem direito a destruir a paz, principalmente a alheia… Paremos pois. Calemos, pois. Sejamos pois, inteligentes.
Estou indo para uma empreitada, onde vou tentar reaver algo que perdi… não, dessa vez não foi marido, foi coisa mais séria. Marido eu já perdi dois. A bem da verdade, um deles, me perdeu, e o outro eu perdi. 
Mas tenho pra mim que nessas perdas, o benefício foi revertido para mim mesma. A perda teria sido, um “custo-benefício”, como diz minha filhota. Eles eram rabugentos demais! E jovens… imagine quando envelhecessem… bah!
Se eu conseguir reaver o que perdi, o que não vai ser fácil, certamente escreverei um cordel. Se não conseguir… só de saber que não significa o fim, a morte… já é meio caminho andado para eu achar que tudo bem, um dia se perde, no outro se ganha, vamos em frente…
E sem xingar.

Tere Penhabe

http://www.amoremversoeprosa.com/cronicas/589adificiltarefadeperder.htm

 

 

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