Cerimônia civil e religiosa foi no Hospital Geral Universitário, na sexta (26).
Noiva tem doença autoimune e está na cadeira de rodas há 4 meses.
            Com a noiva doente há quase dois anos e internada há um mês para tratar de uma doença que atinge o sistema imunológico, o técnico de telefonia Júlio Juliano Vieira, de 38 anos, tomou uma atitude ousada para não desmarcar o casamento pela terceira vez: transferiu a cerimônia para dentro de um hospital, em Cuiabá. O plano dele era apenas um casamento civil, simples, com a presença de alguns familiares. Mas tanto o noivo como a noiva não sabiam que uma festa surpresa estava sendo preparada, na tarde desta sexta-feira (26), por funcionários do hospital.
       Júlio e a gerente administrativa Hosana de Melo Teodoro, de 39 anos, estão juntos há três anos e se conheceram no trabalho. Há dois anos estão noivos e o grande desejo do casal era celebrar o casamento. No entanto, o sonho foi interrompido quando Maria Hosana começou a enfrentar problemas de saúde e ter que ser internada constantemente. Há quatro meses perdeu o movimento das pernas, está na cadeira de rodas, e respira com ajuda de aparelhos.
      “Eu não queria mais adiar o nosso casamento porque já havÃamos marcado por duas vezes e ela ficou doente, aà não foi possÃvel fazer. Pensei em marcar, pelo menos, o nosso casamento civil e que ele fosse feito no hospital mesmo. Eu a amo muito e queria demonstrar issoâ€, relatou o noivo pouco antes de seguir para o altar “improvisado†e esperar a amada.
      Júlio disse que comentou com alguns enfermeiros e médicos do sobre a vontade de agilizar o casamento civil dentro do Hospital Geral Universitário (HGU), onde Maria Hosana está internada. O relacionamento do casal chamou a atenção dos funcionários que se mobilizaram e, em 24 horas, conseguiram preparar a cerimônia civil e religiosa.
       “Eu não estou acreditando no que está acontecendo. TÃnhamos tudo preparado de outra forma e muitas coisas aconteceram sem que pudéssemos prever. Não acreditava mais que chegarÃamos até aqui. E hoje tenho esse sonho realizado. A felicidade transborda o meu coração e nem tenho palavras para descrever. Não queria adiar pela terceira vez tudo issoâ€, declarou emocionada a gerente administrativa.
Convidados ‘por acaso’
       Com a cadeira de rodas sendo empurrada pela mãe e vestida de noiva, Maria Hosana entrou na sala improvisada cheia de flores para a cerimônia e arrancou lágrimas dos 60 convidados que superlotaram o local. Amigos, familiares, funcionários e até mesmo de quem nem conhecia o casal e estava no hospital para visitar outros pacientes. Com o corredor lotado, muitos curiosos também aproveitaram para ver o que estava acontecendo.
        “Que coisa mais linda. Que amor é esse. Estou impressionada com o que está acontecendo aqui. Hoje em dia é muito difÃcil ver casais tendo esse tipo de atitude. InesquecÃvelâ€, disse a comerciante Maria Eunice de Abreu.
      Júlio Juliano e Maria Hosana levaram à risca o “na saúde e na doençaâ€. Após a ministração religiosa realizada por um pastor, o tão aguardado “sim†foi finalmente pronunciado e o beijo do casal arrancou suspiros na sala. Houve até quem gritou: “Joga o buquê, por favorâ€, o que provocou risos.
      Doces, bolo, salgados e refrigerantes também foram servidos aos convidados logo após a cerimônia. Emocionada, a mãe da noiva, Maria das Dores de Melo, ressaltou o quanto estava feliz com a filha se casando. “Ela merece e muito. Na verdade, minha filha tem lutado para viver. É tudo o que ela quer e não desanima diante das dificuldades. Sempre foi assim e, principalmente, nesse momento tão difÃcil que enfrentaâ€.
(Foto: Kelly Martins/G1 MT)
    Maria Hosana não tem data para receber alta. Ela estava internada no Pronto-Socorro Municipal de Cuiabá e foi transferida para o HGU há um mês. A suspeita é de que ela esteja com lúpus, doença autoimune e crônica. “Eu sei que vou superar tudo. Ainda mais agora, tenho uma nova famÃlia e um marido lindo que sempre cuidou de mim e demonstrou isso o tempo todoâ€, afirmou.
Preparativos
       A celebração do casamento foi preparada por integrantes da Comissão de Humanização do Hospital Geral Universitário (HGU), que ficaram sabendo do sonho do casal. A Edileusa Macedo, coordenadora da Comissão, contou que ficou sabendo da história do casal e se comoveu com a situação. Como ele havia comentado iria apenas promover o casamento civil, a equipe decidiu ir além e realizar a cerimônia religiosa, com direito a vestido de noiva e convidados.