
Janaina Riva afirma que o machismo ainda limita mulheres na política e pede respostas mais rápidas da ALMT em casos de violência
Pollyana AraújoVitória Maria Sena
Única deputada titular da Assembleia Legislativa de Mato Grosso há 12 anos, Janaina Riva (MDB) afirmou que ainda enfrenta barreiras impostas pelo machismo estrutural na política e defendeu mais rigor no combate à violência doméstica, feminicídio e assédio, inclusive dentro do próprio Legislativo. As declarações foram dadas no Podcast Política de Primeira, do portal Primeira Página.

Janaina destacou que o maior desafio das mulheres é conquistar espaço nos partidos e, depois, crescer dentro deles.
“É muito difícil ser sozinha em um ambiente tão masculino. O primeiro desafio da mulher é conseguir um partido para disputar uma eleição. O segundo é crescer dentro desse espaço, porque, mesmo quando ela tem habilidade e competência, o machismo estrutural ainda limita a ascensão. Eu sinto falta de ter mais mulheres na Assembleia para apoiar minhas pautas e também para eu apoiar as delas”, disse.
Procuradoria da Mulher
Presidente da Procuradoria da Mulher na Assembleia, Janaina explicou que o órgão deixou de ter um papel apenas simbólico e hoje funciona como espaço de acolhimento.
“No início, a Procuradoria tinha só um papel de conscientização, mas a demanda era muito grande. Hoje ela acolhe, presta consultoria, encaminha denúncias, oferece apoio psicológico e acompanha casos em que as mulheres correm risco de vida. Já recebemos ligações até em fins de semana, de mulheres com medida protetiva que ligam desesperadas porque o agressor está na porta de casa”, relatou.
Segundo a deputada, o espaço também atua de forma institucional, cobrando resposta de órgãos de segurança e do Judiciário. “Já aconteceu de uma mulher com medida protetiva ser obrigada a ficar na mesma sala que o agressor em audiência. A Procuradoria atuou junto ao Tribunal de Justiça para corrigir isso. Nosso papel é usar a força do Legislativo para cobrar as outras instituições.”
Casos dentro da Assembleia
Janaina também falou sobre casos de violência e assédio envolvendo servidores da própria Assembleia. Ela criticou a lentidão de processos internos e afirmou que não teria tolerado reincidência.
“Já houve servidor envolvido três vezes em casos semelhantes de violência doméstica. Na minha opinião, isso não é normal. Se eu fosse presidente da Assembleia, esse servidor não estaria mais lá. Quando um servidor comete violência ou assédio, ele não só fere a vítima, mas também mancha a imagem da Casa”, afirmou.







