A cabeleireira carioca Danielle Naccaratti, de 35 anos, chegou a pesar 110 kg depois de um perÃodo difÃcil em que perdeu a avó e o pai em um intervalo de três meses. “Tive depressão e sÃndrome do pânico. Isso foi um estopim para começar a comer sem controle”, conta.
Ela já sentia os efeitos do sobrepeso na saúde: dores nos joelhos, na coluna e cansaço intenso. Um dia, saiu chorando de uma farmácia depois de subir na balança e ver que seu peso tinha chegado a três dÃgitos. Em outra ocasião, constatou com tristeza que a calça número 52 já não servia mais. O episódio mais dramático, porém, foi quando acordou de madrugada para ir ao banheiro e não conseguiu levantar da cama imediatamente por causa das dores no joelho. “Não deu tempo de chegar ao banheiro. Chorei muito naquela madrugada. No dia seguinte, decidi que precisava fazer alguma coisa.”
O médico recomendou uma mudança permanente nos hábitos de vida e receitou um remédio para ajudar no controle do apetite. A partir da primeira consulta, a cabeleireira passou a ter retornos mensais no especialista e considera o acompanhamento médico primordial para o processo de emagrecimento.
Até então, Danielle estava acostumada a comer seis pães por dia, a acordar no meio da madrugada para comer, a comprar seis barras de chocolate de uma só vez e a não ter limite no consumo de refrigerante. “São hábitos que você adquire e depois, para abandonar, é uma luta. A comida é um vÃcio que acalma momentaneamente e depois faz você se arrepender.”
Prato de sobremesa
Casada e mãe de dois filhos – uma menina de 8 e um menino de 15 – Danielle sempre foi a responsável por cozinhar para a famÃlia. Prevendo que haveria protestos se ela mudasse radicalmente o cardápio de casa, ela continuou cozinhando os mesmos alimentos, com pequenas adaptações.
Sua estratégia para continuar participando das refeições em famÃlia foi trocar o prato normal por um prato de sobremesa. “Essa estratégia fez toda a diferença. Foi a ideia que eu tive para conseguir acompanhar minha famÃlia, pois não tinha tempo de fazer duas comidas diferentes, então comia tudo o que eles comiam, só que em quantidades menores: feijão, arroz, angu, costela e batata, por exemplo.”
No começo, ouviu chacotas. “Meu filho, muito brincalhão, dizia que eu ia me engasgar com tanta comida. Meu marido perguntava se aquilo era comida para borboleta. No começo, foi difÃcil, mas hoje não sei comer em prato grande.”