terça-feira, 10/12/2024
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Abaixo a ditadura…

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                          Manifestantes exaltados pregam a volta da ditadura, “convocam” os militares a assumir o poder e exasperam-se em seus protestos. A turba queima ônibus para chamar a atenção nem se sabe bem para o quê. Oportunistas que, confessamente, querem derrubar o regime, fazem passeatas e invasões, tumultuando a vida da cidade e se confrontando com a polícia quando esta cumpre ordens judiciais de reintegração.

                    Vive-se o sobressalto de, a qualquer instante, ser assaltado por aqueles que querem o dinheiro do nosso bolso, nosso celular ou nosso veículo. Os inconformados com os resultados das eleições ofendem pobres e nordestinos. O governo chama para o diálogo, mas parece já ter as fórmulas prontas. Estamos atravessando uma sucessão de perigosas encruzilhadas.

            Nosso país nunca foi exemplo de democracia. A própria república, que sucedeu ao império, resultou de um golpe militar. Após sua implantação, ocorreram sucessivos golpes entre grupos do próprio sistema até que, em 1930, Getúlio tomou o poder e nele permaneceu por 15 anos. A democracia de 1946 sobreviveu até 64, quando os militares afastaram Jango Goulart sob a alegação de que ele convulsionava o país e queria implantar uma ditadura sindical. Mesmo governando com mão de ferro, não admitiam ser uma ditadura. Ficaram no poder até 1985, quando se implantou a “nova república” que, ao longo dessas quase três décadas sofreu as transformações que todos hoje acompanhamos e vivemos. A título de serem “democráticos”, os governos e governantes desmontaram o Estado, principalmente a ordem e a segurança pública.

            Num regime democrático, governa quem ganha a eleição. Aos que perdem resta o trabalho – não menos importante – de fiscalizar. Infelizmente isso não tem ocorrido no Brasil contemporâneo, onde os governos adquirem os votos parlamentares e a liberdade dos abatidos nas urnas e, com eles formam as fisiológicas bases aliadas. A esperança é que a oposição surgida das últimas eleições, pela margem apertada de votos, exerça a efetiva oposição e fiscalização do poder, exigindo eficiência e honestidade do governo e, com isso, fortaleça a democracia.

            A democracia brasileira, infelizmente, sempre foi frágil. Sob a carapaça democrática, muito se tem feito pela implantação do autoritarismo e do interesse de grupos em prejuízo ao povo, só usado como massa de manobra. É preciso muito juízo aos integrantes do jogo do poder, não dando motivos e nem motivação aos militares para uma nova quebra institucional. Se essa quebra vier a ocorrer, não importa o nome que receba no momento. Será a volta da ditadura…

Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)

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