Angola - Diário Liberdade – A Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) divulgou neste mês um relatório sobre crianças e adolescentes que não têm condições de frequentar a escola. São 121 milhões em todo o mundo os menores que não frequentam as redes de ensino.
Angola é o 38º paÃs do ranking que apresenta mais crianças fora da escola, com uma taxa de 14,3%. Um dos fatos que ocasionam esse dado está relacionado com a situação econômica de muitas famÃlias no paÃs. Segundo Désiré Adomo, especialista em educação da ONU em Angola, muitas crianças precisam trabalhar para ajudar suas famÃlias e isso faz com que desistam de estudar.
Em entrevista à rádio RFI, ela disse também que a razão de haver uma brecha de 10% a mais de meninos em relação à s meninas que frequentam as escolas é que as meninas angolanas são submetidas ao casamento precoce devido à tradição cultural, principalmente nas zonas rurais do paÃs.
Destacou, além disso, a falta de professores com boa formação, pouca infraestrutura, principalmente no campo, e também “os vários anos de guerra” civil que sofreu o paÃs.
Dentre os paÃses e territórios membros da CPLP (Comunidade dos PaÃses de LÃngua Portuguesa), a Guiné Equatorial é o que ocupa a pior posição do ranking dos paÃses com maior taxa de crianças entre 6 e 11 anos que estão fora da escola, com um Ãndice de 37,8%.
Em seguida vêm Guiné Bissau (29,2%, em 14º), Angola (14,3%, em 38º), Moçambique (13,6%, em 39º), Macau (12,8%, em 44º), Timor-Leste (8,3%, em 60º), São Tomé e PrÃncipe (3%, em 109º), Cabo Verde (2,7%, em 117º) e Portugal (1,2%, em 152º). O Brasil não figura na lista, por falta de informações.
Mas os dados brasileiros de 2009 mostravam que a taxa de menores do ensino primário e secundário fora da escola era de 2,4% (730 mil crianças) e entre os menores de 7 a 14 anos que trabalhavam, esse Ãndice era de 4%.
Estudantes ricos recebem 18 vezes mais investimentos em educação do que os pobres
Outro relatório da Unicef também revelou que os recursos públicos usados para a educação de crianças ricas chegam a ser 18 vezes maiores do que para as crianças pobres ao redor do mundo. Nos paÃses pobres, 46% dos investimentos beneficiam diretamente 10% dos estudantes mais ricos.
“A desproporção acaba favorecendo as crianças das camadas mais altas da sociedade, que geralmente conseguem completar os nÃveis mais altos de educação”, observou a Rádio ONU sobre o relatório.
Segundo a Unicef, o déficit de investimentos é de US$ 26 bilhões no fundo de educação básica universal, para 46 paÃses pobres.