Rosildo Barcellos
É imanente da fase florida da adolescência a verdadeira busca por experiências novas e sensações ainda inexploradas. E neste rol aparece a curiosidade pelo uso de drogas, tanto lícitas como as ilegais. Neste particular considero importante a informação aos riscos relacionados ao consumo do álcool e ao uso indiscriminado de drogas ainda que lícitas e de entorpecentes. Embora o Estatuto da Criança e do Adolescente proíba a venda de qualquer tipo de bebida alcoólica para menores de 18 anos; entre os jovens de 12 a 17 anos a taxa de usuários é preocupante, e a de dependentes de álcool é alarmante.
Muito se fala sobre a análise toxicológica para verificação do consumo de drogas, até porque existem notícias sobre o assunto e esta vem sendo utilizada no meio profissional, no esporte, no auxílio e acompanhamento da recuperação de usuários em clínicas de tratamento e em pesquisas. Há testes disponíveis para a detecção de diversos tipos de substâncias psicoativas. Não é difícil esta análise posto que as drogas são geralmente metabolizadas pelo fígado e excretado pela urina. Portanto, analisar a urina em busca de metabólitos das drogas é um dos métodos para se detectar a presença de seu consumo e mais uma evidência de sua ação.
A prática demonstra que o período de duração da detectabilidade das drogas varia de acordo com a freqüência e intensidade do uso das mesmas A análise de amostras de urina podem detectar o uso de maconha e de cocaína em períodos mais longos. Já o álcool é metabolizado e eliminado com alguma rapidez e os exames toxicológicos detectam com eficiência o uso recente.No que tange a cocaína retrata-se que ela é um alcalóide presente nas folhas da coca que funciona como um potente estimulante do sistema nervoso central, mantendo o estado de alerta e euforia. Possui efeito semelhante ao da anfetamina, porém com duração mais curta. A base bioquímica da ação é evidenciada pelo bloqueio quanto a retomada da dopamina pela terminação sináptica, prolongando, portanto, sua ação. O uso não-médico da cocaína geralmente é feito por aspiração nasal direta ou inalação da fumaça. A intoxicação aguda pode produzir crise convulsiva, arritmia cardíaca, infarto do miocárdio, hipertensão, hipertermia e por vezes morte súbita. A cocaína produz dois metabólitos inativos: a metilesterecgonina e a benzoilecgonina – esta última, o principal produto encontrado na urina. Interessante lembrar que a cocaína deriva da folha do arbusto da “coca” (Erythroxylon Coca) do qual existem variedades como a boliviana (huanaco), a colombiana (novagranatense) ou a peruana (truiilense). A planta pode ser produtiva por 30 a 40 anos e com 4 a 5 colheitas por ano.
Urge ressaltar que inicialmente a droga pode transmitir uma falsa e passageira sensação de prazer que gradativamente vai se transformando em dor, sofrimento e infelicidade, de forma é extremamente comum induzir a pessoa a perder a sua dignidade e seu amor próprio. Quando isso acontece, restam como conseqüências freqüentes o encarceramento, vez por outra uma internação em hospital psiquiátrico ou a temida e inexorável morte. Mas todo cuidado é pouco; pois as drogas estão praticamente batendo a nossa porta, um estudo recentemente publicado e que iniciou em 2010, fez um estudo no Distrito Federal e resultou em saber que com as devidas projeções o consumo de cocaína naquela localidade anualmente é próximo de 700 kg. Esse resultado foi possível a partir da análise da benzoilecgonina que é secretada pelo organismo dos usuários.Na verdade cerca de 45% da cocaína que entra no organismo se transforma ou é convertida em benzoilecgonina e a análise foi feita medindo a concentração dessa substância no esgoto. Imaginem, contudo, qual seria o resultado deste exame feito em nossa cidade?
*Membro da AISLA / Academia Intercontinental Senior de Literatura e Arte.