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Autoridades descobrem mundo de fraude na contabilidade
Do Estadão

          Nos últimos meses, casos de suspeita de fraude fiscal foram abertos contra Lionel Messi, Neymar, Suárez, Xabi Alonso e dezenas de outros craques, além de Luis Felipe Scolari, dirigentes, agentes e clubes como o Barcelona e a Juventus.Â
          A onda de casos não ocorre por acaso. Autoridades fiscais da Espanha, Itália, Reino Unido, Alemanha, Croácia Portugal e outros paÃses decidiram fechar o cerco contra o futebol depois que, em 2009, um levantamento feito pela OCDE alertou aos governos que o esporte havia se transformado em um “veÃculo ideal†de fraude fiscal e lavagem de dinheiro, evadindo milhões de euros em impostos.Â
              Procuradores se puseram a trabalhar e, poucos anos depois, começam a revelar a criação de verdadeiros esquemas para camuflar a renda de jogadores, com a criação de empresas em paraÃsos fiscais, contratos falsos e a manipulação de acordos de exploração de imagem.Â
 A engenharia financeira consiste em reduzir o valor do suposto salário do jogador, garantindo que tanto o atleta como o clube paguem menos impostos. Para isso, contratos fictÃcios de direitos de imagem são assinados com empresas em outros mercados, fugindo do fisco e legitimando pagamentos.Â
 Nos últimos cinco anos e antes dos atuais casos eclodirem, o Tribunal Supremo da Espanha já havia dado sentença contra Luis Figo, Luis Enrique e Kluivert, acusados de montar estruturas para esconder parte de suas rendas obtidas com a TVC, a televisão catalã.
 Em fevereiro de 2014, Rivaldo foi condenado a pagar  € 2,7 milhões ao fisco espanhol por impostos atrasados de quando jogou no Barça entre 1997 e 2002. Nos documentos do tribunal, o brasileiro aparece como tendo fechado um contrato com o time espanhol em 15 de agosto de 1997.
 Mais recentemente, o argentino Mascherano passou a ser investigado e, em seu caso, o que chama a atenção é a abertura de duas empresas em seu nome na Ilha da Madeira – um paraÃso fiscal – e outra em Miami.Â
 Fontes no Ministério Público da Espanha, porém, indicaram ao Estado que houve uma mudança de estratégia nas investigações. A partir de agora, os clubes também serão indiciados, num esforço de mudar o comportamento das entidades.
 Clubes de elite da Espanha devem mais de ¤ 317 milhões ao fisco. A suspeita é de que, com esses acordos paralelos com os atletas, os clubes teriam ainda milhões a pagar em impostos.
 Os escândalos passaram a afetar também a relação entre clubes e patrocinadores. Para esta temporada, o Espanyol havia fechado um acordo de US$ 45 milhões com a empresa de tecnologia Power8. Em troca, ela colocaria seu nome no estádio e camisas. Mas uma investigação conduzida em Taiwan alertou que a companhia está usando o patrocÃnio para fraudar investidores. Depois de atrair empresário para apostar na empresa diante de sua exposição no campeonato espanhol, a companhia simplesmente fechou suas portas e deixou de pagar ao fisco local e aos investidores. O clube não recebeu o que esperava e agora inicia um processo legal contra a empresa.Â
 Na Alemanha, o ex-presidente do Bayern de Munique, Uli Hoeness, foi condenado a três anos e meio de prisão por fraudar o fisco em ¤ 18 milhões em impostos não pagos. “Eu evadi impostosâ€, declarou Hoeness diante do tribunal em 2013.Â
 O Fisco italiano abriu investigações contra 41 clubes em 2013. Todos são suspeitos de fraudar o estado, incluindo Juventus, Milan e Napoli. A operação começou quando o MP de Nápoles suspeitou das atuações de 12 agentes, entre eles Alejandro Mazzoni e Alejandro Moggi, envolvidos na manipulação de resultados na Itália.







