Na representação, o parlamentar apresenta uma série de denúncias de falhas ocorridas, como uso de celular e vazamento da prova.
Por g1 MT
Concurso da Segurança Pública de MT pode ser suspenso — Foto: Mayke Toscano/GCOM-MT
O deputado estadual Faissal Calil (PV) protocolou um pedido no Tribunal de Contas do Estado (TCE), nesta quinta-feira (24), para suspender o concurso da Segurança Pública de Mato Grosso, realizado no último domingo (21), devido ao alto número de irregularidades apontadas por candidatos e que estão sendo investigadas.
Na representação, o parlamentar apresenta uma série de denúncias de falhas ocorridas, como uso de celular e até mesmo vazamento da prova.
Cerca de 30 denúncias de irregularidades durante a aplicação da prova do concurso da Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp), que aconteceu em oito municípios do estado, foram feitas ao Ministério Público Estadual (MPE) nesta semana.
A deputada Janaina Riva (MDB) também já fez um pedido de anulação do certame à Casa Civil, e Elizeu Nascimento (PL) solicitou uma investigação formal.
Sete fatos que precisam de apuração, segundo os parlamentares:
- Pagamento realizado sem identificação no sistema, incorrendo na exclusão indevida do candidato na lista de divulgação do local de prova;
- Candidato que efetuou pagamento e não foi permitido realizar a prova, sob a justificativa de limitação de idade;
- Problema de identificação de candidatos na prova (ausência de coletor de digitais);
- Uso de equipamentos eletrônicos em sala e no banheiro;
- Inexistência de fiscalização para o porte indevido de equipamentos eletrônicos;
- Prisão de um cidadão na cidade de Cáceres por suspeita de estar realizando a prova no lugar de candidato inscrito;
- Fotos circulando nas redes sociais de imagens da sala de aula.
De acordo com o novo pedido feito por Faissal ao TCE, o concurso deve ser suspenso de forma cautelar, e, se comprovadas as irregularidades citadas, todo o processo deve ser anulado.
O deputado cita ainda que a falta de estrutura adequada facilitou as tentativas de fraudes durante a prova. Faissal também relatou que a UFMT deferiu inscrições de pessoas jurídicas, o que comprova a desorganização do certame.
Nessa quarta-feira (23), a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) afirmou que apenas problemas pontuais foram identificados e que não comprometem a segurança do certame. A instituição foi contratada pelo governo do estado para organizar e aplicar as provas.
Caderno de prova ‘vazado’ — Foto: Divulgação
Suposto vazamento da prova
A prova do concurso teria sido vazada mais de um mês antes da aplicação. A denúncia foi feita nessa terça-feira (22) por um dos candidatos ao cargo de soldado da Polícia Militar, que disse ter encontrado o caderno de provas na internet, disponibilizado desde o dia 11 de janeiro.
Em checagem, a reportagem comparou o caderno de prova aplicado no dia 20 de fevereiro e constatou que seu conteúdo é 100% compatível.
Todas as questões aplicadas no dia do concurso são idênticas as que estavam abrigadas no portal de concursos da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), a organizadora do certame.
Denúncias ao MP
O Ministério Público Estadual (MPE) recebeu por meio da ouvidoria cerca de 30 denúncias de irregularidades durante a aplicação da prova. Entre os supostos erros apontados estão a ausência de detectores de metal, celular vibrando em sala de aula e pessoas tirando fotos no local da prova.
A Sesp-MT informou que não recebeu qualquer denúncia formalizada e as denúncias de fraude no dia da realização do concurso foram amplamente investigadas pelo núcleo de inteligência da Polícia Civil, com resposta rápida, resultando na prisão ocorrida em Cáceres, no domingo.
A secretaria esclareceu ainda que embora seja responsável pela realização do concurso, contratou a UFMT para a execução do mesmo, incluindo a realização da prova.
O MP informou que as denúncias serão encaminhadas para análise do Núcleo de Promotorias da Cidadania.
O concurso
As provas do concurso público das forças de segurança de Mato Grosso foram realizadas nesse domingo (20). Ao todo, 66 mil pessoas estavam inscritas.
O concurso, que foi prometido pelo estado desde 2016, foi realizado para formação de cadastro de reserva. Entretanto, o governo promete chamar 1.200 classificados ainda em 2022.
Os cargos de escrivão e investigador da Polícia Civil foram os mais procurados pelos “concurseiros”. Dos 66 mil inscritos, foram quase 34 mil somente na instituição.