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MULHER NEGRA – professora fala sobre pobreza menstrual e dificuldade no mercado de trabalho

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Três mulheres negras de perfil com árvores ao fundo

A pobreza menstrual, quando não há materiais básicos de higiene, afeta principalmente meninas e mulheres negras. Situação que, segundo a professora do Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT) e coordenadora do projeto Bolsa Solidária, Dejenana Campos, impacta os estudos, o trabalho e tira a dignidade feminina. Ela é a convidada do TRT Entrevista na semana em que se comemora o Dia da Mulher Negra, celebrado em 25 de julho.

Ouça na Radioagência TRT

Durante o bate papo, Djanana fala sobre o projeto que leva kits de higiene para mulheres quilombolas e em vulnerabilidade social de Mato Grosso. Discorre ainda sobre as dificuldades de inserção da mulher negra no mercado de trabalho.

A Entrevista da Semana vai ao ar toda segunda, às 8h, dentro do programa TRT Notícias. Para ouvir, basta sintonizar a frequência da rádio (104.3MHz – região metropolitana de Cuiabá) ou acessar o endereço www.trtfm.com.br. Também é possível ouvir através dos sites CX Rádio, Tudo Rádio, entre outros serviços semelhantes.

Confira os principais trechos:

Como funciona o projeto Bolsa Solidária?

Esta é a 10ª Ação Bolsa Solidária – Campanha Julho das Pretas que está entregando 500 kits de higiene pessoal para mulheres quilombolas e em vulnerabilidade social do Estado. Temos um projeto piloto no qual entregamos todo mês kits para 150 mulheres. Será feito todo mês até dezembro. Nos últimos dias entregamos kits para mulheres da região do CPA, Cristo Rei, Vila Bela da Santíssima Trindade, Tijucal e Despraiado.

Estamos na busca para que itens como absorvente faça parte da cesta básica e também que tenha redução de impostos para que todas tenham mais acesso. Precisamos falar de educação menstrual, precisamos falar de equidade menstrual. Menstruação é vida para as mulheres. Vamos batalhar para que todas as escolas públicas tenham absorvente para meninas e mulheres em situação de vulnerabilidade social.

A mulher negra é a principal vítima da pobreza menstrual?

A feminização da pobreza tem cor, raça e gênero. Atinge diretamente mulheres negras. São a elas que faltam acesso. Quem foi a primeira mulher que faleceu na pandemia? Uma mulher negra empregada doméstica!

Foram as mulheres negras as mais atingidas e as que mais perderam empregos. São elas que cuidam de seus filhos. Precisamos de políticas públicas. Quando não tem creche, tira essa mulher do trabalho remunerado.

Quando falamos de mulheres em risco social falamos de mulheres negras, indígenas e trans. Estudos mostram que onde tem mulher em espaço de liderança, temos diminuição da mortalidade infantil, cidades mais acessíveis e políticas públicas mais estáveis. Costumo dizer que solidariedade é o amor em movimento. Por isso precisamos alcançar essas mulheres para que tenham autoestima melhor e uma vida mais digna. É a construção do bem viver para essas mulheres.

A pobreza menstrual impacta no mercado de trabalho?

Quem está fora do mercado de trabalho, principalmente durante ou pós-pandemia, são as mulheres negras. Foram elas que tiveram o maior número de rescisão de contratos de trabalho. Elas ficaram em casa desenvolvendo trabalho doméstico, que é considerado um serviço não produtivo e não remunerado.

Precisamos desenvolver políticas para isso. Em alguns países da Europa, por exemplo, mães de crianças com deficiência têm uma remuneração. Essas mães muitas vezes não trabalham e nem contribuem para a própria aposentadoria.  E são as mulheres que mais trabalham.

As escolas hoje estão trabalhando só meio período, onde vamos arrumar trabalho só de meio período? Elas acabam por optar por ser diarista, que muitas vezes não tem os mesmos direitos e garantias e acabam sendo as mais prejudicada nesse processo.

Muitas mães ficam 10 anos longe do mercado de trabalho. Para voltar de forma competitiva precisa se capacitar, estudar e para isso precisamos de mais creches e escolas em período integral. Sem dúvida, quem consta nos dados de feminicídio e insegurança alimentar são as mulheres negras, que são as chefes de família.

A mulher que está mais fora do mercado de trabalho, sem dúvida é a mulher negra.

Como ajudar o projeto Bolsa Solidária?

Agradeço a oportunidade de falar sobre as mulheres negras e dos espaços que ainda estão de forma subalternizada e em subemprego. É muito importante dialogar sobre isso. Solidariedade é o amor em movimento, precisamos de doações para as bolsas solidárias que podem ser feitas pelo pix 65- 99822732. Nos sigam no instagram e nos ajudem a impulsionar nossas redes sociais: bolsasolidáriadc.

Da Assessoria/TRT/MT