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Por que os casos de câncer estão aumentando entre os mais jovens?

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Em apenas três décadas, houve um crescimento de 79% na quantidade de novos diagnósticos da doença em pessoas com menos de 50 anos

Alessandro Di Lorenzo

ilustração digital de um câncer de pele se desenvolvendo no corpo
Ilustração do câncer se desenvolvendo no corpo (Reprodução: Ebrahim Lotfi/Shutterstock)

câncer normalmente é associado a pacientes com idades mais avançadas. No entanto, esta realidade parece estar se modificando nos últimos anos, com o número de casos da doença entre os mais jovens aumentando perigosamente.

Em apenas três décadas, houve um crescimento de 79% na quantidade de novos diagnósticos em pessoas com menos de 50 anos. Entre as maiores altas estão tumores de mama, intestino e próstata, por exemplo.

Aumento dos casos de câncer preocupam (Imagem: Shutterstock/Kateryna Kon)

Câncer pode ser mais agressivo entre os jovens

Em artigo publicado no portal The Conversation, Antônio Carlos Buzaid e Jéssica Ribeiro Gomes, do Instituto Vencer o Câncer, destacam que o cenário é preocupante. Isso porque, em pessoas mais novas, o câncer tende a se manifestar de forma mais agressiva e ser descoberto em estágios mais avançados.

Mulheres jovens têm maiores possibilidades de apresentar subtipos mais graves de câncer de mama, com maior risco de recorrência e disseminação para outros órgãos, como é o caso do triplo-negativo. Este é um dos subtipos mais desafiadores, sendo bem menos comum em mulheres mais velhas, nas quais o tumor luminal costuma prevalecer.Antônio Carlos Buzaid e Jéssica Ribeiro Gomes, do Instituto Vencer o Câncer

De acordo com os especialistas, muitas jovens estão fora da idade recomendada para os exames de rotina, como a mamografia, e costumam subestimar os sintomas iniciais, pela baixa conscientização sobre o risco de câncer nessa idade. Sem contar que a maior densidade das mamas em mulheres mais novas pode dificultar a precisão dos exames.

Pessoa com um tablet na mão direita toca, com a mão esquerda, em um símbolo da Cruz Vermelha tridimensional
Novas tecnologias podem ajudar a diagnosticar a doença precocemente (Imagem: raker/Shutterstock)

Além desses aspectos, não podemos ignorar que os jovens com câncer enfrentam desafios físicos e emocionais únicos devido à doença e ao tratamento, com impactos significativos na qualidade de vida como um todo. A queda de cabelo, as alterações de peso, cirurgias e eventuais cicatrizes podem ter um efeito profundo na autoimagem, nos relacionamentos, na saúde mental e também na sexualidade. Somado a isso, alguns tratamentos podem causar alterações nos níveis hormonais e até mesmo menopausa precoce e infertilidade permanente, com todas as consequências físicas e emocionais para uma população em plena idade fértil.Antônio Carlos Buzaid e Jéssica Ribeiro Gomes, do Instituto Vencer o Câncer

Por conta disso, programas de conscientização são fundamentais, assim como a revisão das estratégias de prevenção. Um exemplo disso é a colonoscopia para câncer de intestino, agora indicada mais precocemente, a partir dos 45 anos (e não mais 50 anos). Ao mesmo tempo, iniciativas promissoras, como o uso de inteligência artificial para análise de mamografias, também buscam melhorar a detecção de tumores, especialmente em mamas mais densas.

Imagem mostra um par de pernas femininas com tênis e roupa fitness, caminhando por uma rua
Atividade física tem efeito protetor contra o câncer (Imagem: Izf/Shutterstock)

É preciso adotar medidas para melhorar o nosso estilo de vida

  • Os especialistas explicam que mais de 80% dos tumores não têm origem hereditária.
  • E que ao menos 30% de todos os casos de câncer poderiam ser evitados com alterações em alguns hábitos.
  • As recomendações incluem ter uma alimentação equilibrada, evitando o consumo excessivo de açúcar, farinha refinada (pão, arroz branco), ultraprocessados e carne vermelha.
  • Esse tipo de dieta cria uma inflamação crônica no organismo, criando um ambiente propício para o surgimento e a sobrevivência de células tumorais.
  • Outros fatores de risco são o tabagismo, o consumo de álcool, a obesidade e o sedentarismo.
  • Neste sentido, a prática regular de atividade física possui um efeito protetor, podendo diminuir em 10% a 40% o risco de câncer.